"Senhor, fazei-me instrumento de Vossa Paz"
São Francisco de Assis

quarta-feira, 12 de março de 2025

🌺 Testamento de São Francisco



1 O Senhor assim deu a mim, Frei Francisco, começar a fazer penitência: porque, como estava em pecados, parecia-me por demais amargo ver os leprosos.
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2 E o próprio Senhor me levou para o meio deles, e fiz misericórdia com eles.
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3 E afastando-me deles, aquilo que me parecia amargo converteu-se para mim em doçura da alma e do corpo; e depois parei um pouco e saí do século.
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4 E o Senhor me deu tal fé nas igrejas, que assim simplesmente orava e dizia:
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5 Nós te adoramos, Senhor Jesus Cristo, também em todas as tuas igrejas, que estão em todo o mundo, e te bendizemos, porque por tua santa cruz remiste o mundo.
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6 Depois o Senhor me deu e dá tanta fé nos sacerdotes, que vivem segundo a forma da santa Igreja Romana, por causa de sua ordem, que, se me fizerem perseguição, quero recorrer a eles mesmos.
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7 E se tivesse tanta sabedoria, quanta teve Salomão (cfr. 3Rs 4,30-31), e encontrasse sacerdotes pobrezinhos deste século, nas paróquias onde moram não quero pregar além da sua vontade.
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8 E a eles e todos os outros quero temer, amar e honrar como a meus senhores.
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9 E não quero considerar pecado neles, porque enxergo neles o Filho de Deus, e são meus senhores.
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10 E o faço por isto: porque nada vejo corporalmente neste século do mesmo Filho de Deus, senão o santíssimo Corpo e o seu santíssimo Sangue, que eles recebem e só eles administram aos outros.
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11 E esses santíssimos mistérios sobre todas as coisas quero que sejam honrados, venerados e colocados em lugares preciosos.
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12 Os santíssimos nomes e suas palavras escritas, onde quer que os encontre em lugares ilícitos, quero recolher e rogo que sejam recolhidos e colocados em lugar honroso.
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13 Também a todos os teólogos e aos que nos administram as santíssimas palavras divinas devemos honrar e venerar como a quem nos administra espírito e vida (cfr. Jo 6, 64).
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14 E depois que o Senhor me deu frades, ninguém me ensinava o que deveria fazer, mas o próprio Altíssimo me revelou que deveria viver segundo a forma do santo Evangelho.
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15 E eu o fiz escrever em poucas palavras e simplesmente, e o senhor papa confirmou para mim.
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16 E os que vinham tomar a vida davam aos pobres tudo que podiam ter (Tob 1,3), e estavam contentes com uma única túnica, remendada por dentro e por fora, com o cíngulo e as bragas.
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17 E não queríamos ter mais.
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18 Os clérigos dizíamos o Ofício segundo os outros clérigos, os leigos diziam: Pai-nosso (Mt 6,9-13); e ficávamos nas igrejas muito de boa vontade.
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19 E éramos iletrados e súditos de todos.
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20 E eu trabalhava com minhas mãos (cfr. At 20,34), e quero firmemente que todos os outros frades trabalhem em trabalho que convém à decência.
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21 Os que não sabem, aprendam, não pela cobiça de receber o preço do trabalho mas pelo exemplo e para repelir a ociosidade.
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22 E quando não nos derem o preço do trabalho, recorramos à mesa do Senhor, pedindo esmola de porta em porta.
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23 Uma saudação me revelou o Senhor, que disséssemos: O Senhor te dê a paz (cfr. 2Ts 3,16).
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24 Cuidem os frades que de nenhum modo recebam as igrejas, habitações pobrezinhas e tudo que para eles se constrói, se não forem como convém à santa pobreza, que na Regra prometemos, sempre aí se hospedando como forasteiros e peregrinos (cfr. 1Pd 2, 11).
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25 Mando firmemente por obediência a todos os frades que, onde quer que estejam, não se atrevam a pedir letra alguma na Cúria Romana, por si ou por pessoa intermediária, nem para alguma igreja ou algum outro lugar, nem por aparência de pregação nem por perseguição de seus corpos;
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26 mas onde quer que não forem recebidos, fujam para outra terra, para fazer penitência com a bênção de Deus.
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27 E firmemente quero obedecer ao ministro geral desta fraternidade e ao outro guardião que lhe aprouver dar-me.
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28 E de tal modo quero estar preso em suas mãos que não possa ir ou fazer mais do que a obediência e a sua vontade, porque é meu senhor.
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29 E embora seja simples e enfermo, contudo sempre quero ter um clérigo que me faça o ofício como está contido na Regra.
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30 E todos os outros frades tenham que obedecer assim aos seus guardiães e a fazer o ofício segundo a Regra.
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31 E os que se descobrisse que não fazem o ofício segundo a Regra, e quisessem variar de outro modo, ou não fossem católicos, todos os frades, onde quer que estejam, sejam por obediência obrigados a, onde quer que encontrem algum desses, apresentá-lo ao custódio mais próximo desse lugar onde o tiverem encontrado.
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32 E o custódio seja firmemente obrigado por obediência a guardá-lo fortemente, como um homem em prisão de dia e de noite, de modo que não possa ser arrancado de suas mãos, até que em sua própria pessoa o apresente nas mãos de seu ministro.
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33 E o ministro firmemente esteja obrigado, por obediência a enviá-lo por meio de tais frades, que o guardem de dia e de noite como homem em prisão, até que o apresentem diante do senhor de Hóstia, que é o senhor, protetor e corretor de toda a fraternidade.
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34 E não digam os frades: "Esta é outra Regra", porque esta é uma recordação, admoestação, exortação e meu testamento, que eu, Frei Francisco, pequenino, faço a vós, meus irmãos benditos, para isto: para que mais catolicamente observemos a Regra que prometemos ao Senhor.
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35 E o ministro geral e todos os outros ministros sejam obrigados por obediência a não acrescentar ou diminuir (cfr. Dt 4,2; 12,32) nestas palavras.
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36 E tenham sempre este escrito consigo junto da Regra
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37 E em todos os capítulos que fazem, quando leem a regra, leiam também estas palavras.
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38 E a todos os meus frades, clérigos e leigos, mando firmemente por obediência que não ponham glosas na regra em nestas palavras, dizendo: "Assim devem entender-se".
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39 Mas assim como o Senhor me deu de dizer e escrever simples e puramente a regra e estas palavras, assim simplesmente e sem glosa as entendais e com santas obras as guardeis até o fim.
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40 E todo aquele que observar estas coisas, no céu seja repleto da bênção do altíssimo Pai e na terra seja repleto da bênção do seu dileto Filho com o Santíssimo Espírito Paráclito e todas as virtudes do céu e todos os santos.
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41 E eu, Frei Francisco, pequenino servo vosso, tanto quanto posso vos confirmo por dentro e por fora esta santíssima bênção.

https://www.capuchinhos.org.br/

segunda-feira, 3 de março de 2025

Hino Oficial da Campanha da Fraternidade 2025 (Clipe Oficial)

 



O Hino Oficial da Campanha da Fraternidade 2025 é a expressão musical da mensagem que se quer fazer ecoar por meio do tema da Campanha “Fraternidade e Ecologia Integral” e do lema: “Deus viu que tudo era muito bom!” (cf. Gn 1,31). Participe e divulgue conosco. Conheça outros subsídios disponíveis para a CF 2025: campanhadafraternidade.com.br Letra 1. O Cristo-Deus se fez humano nesta terra, e às criaturas deu valor e atenção. A vida plena, que no mundo já se espera, ganha sentido com a nossa redenção. REFRÃO: Ao entregar o Paraíso ao ser humano, Deus contemplou sua beleza e seus dons. Louvado seja nosso Pai, o Criador: “Deus viu que tudo, tudo era muito bom!”. 2. No Universo tudo está interligado; nele vivemos e, com todos, “somos um”. Nesta Quaresma, à conversão, somos chamados: cuidemos todos desta Casa, que é Comum! 3. Há muito tempo, o louvor das criaturas já se ouvia em um canto universal. O seu autor, nova expressão ele inaugura: “Fraternidade e Ecologia Integral”. 4. O ser humano transformou a realidade, causou maus-tratos, destruindo a natureza. Abandonou a Lei de Deus e sua verdade, desrespeitando a criação e sua beleza. 5. De toda a Terra em nossas mãos, eis o cuidado: nós somos todos responsáveis pela vida. Enquanto aqui peregrinamos na esperança, a criação em nova Páscoa é renascida

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FICHA TÉCNICA Realização: CNBB - Edições CNBB Assessor da Música e coordenação: Pe. Jair Oliveira Costa Secretário executivo das Campanhas da CNBB: Pe. Jean Poul Hansen Letra: Ismael Oliveira do Nascimento Composição: Miguel Philippi Arranjo instrumental: Maestro Antônio Karam Produção artística, direção musical, arranjo vocal e regência: Frei Telles Ramon, O. de M. Coro: Bruna Trajano, Frei Telles Ramon, Nete Ferreira e Tony Silva. Violão: Bruno Boss Gravação, edição, mixagem e masterização por Bruno Boss, em estúdio FBA Music - Mauá/SP.


domingo, 2 de março de 2025

Santa Inês de Praga



Inês nasceu em 1205, em Praga, República Tcheca. Era filha do Rei da Boêmia, hoje República Tcheca, e foi educada em Trebniz pelas freiras Cistercienses. 
Era apenas uma garota e já demonstrava fervor e desejo de se consagrar a Deus e viver intensamente a fé cristã. Por ser muito jovem e bonita não foram raros os rapazes que desejavam desposá-la. Mas os seus planos para o futuro eram outros. Inês recusava a todos com gentileza, declarando que o seu único compromisso era com Jesus.

Porém, um dos homens que deseja tê-la como esposa era o Imperador Frederico II. Ele era o mais insistente dos pretendentes, chegando às vezes a abordá-la para pedi-la em casamento. Como Inês percebeu que apenas suas palavras não seriam suficientes, passou a entregar-se às suas orações com mais fervor, e provar a ele e a todos que a desejassem desviá-la do seu caminho que Deus era o seu maior desejo.

Mas eram tantos os que vinham interceder a favor do Imperador que Inês viu-se obrigada a escrever ao Papa Gregório IX para que intercedesse por ela e a ajudasse a livrar-se desse tormento. O Papa ficou admirado com a tenacidade e a fé de Santa Inês e enviou um de seus mais hábeis assessores para pessoalmente defender Inês, desencorajando o Imperador apaixonado. A firmeza com que o religioso e Santa Inês explicaram o que significava consagrar-se a Deus finalmente convenceram a Frederico II a renunciar o seu amor de homem, e ele tornou-se inclusive uma pessoa de fé inabalável.

Santa Inês pode então ficar livre para abraçar a sua verdadeira vocação. Suas primeiras ações foram construir um hospital para os pobres, um Convento para os Franciscanos e distribuir a sua riqueza para os pobres.

Logo em seguida fundou o Convento de São Salvador, cujos cinco primeiros membros a ingressar na Instituição foram enviados por Santa Clara de Assis. Santa Inês de Praga tomou seu hábito em 1234 e ingressou na Ordem das Clarissas. Algum tempo depois, devido a sua competência, humildade e bondade, foi convidada para exercer a posição de Abadessa. A princípio, não queria a posição, mas mais tarde devido à insistência de Santa Clara aceitou. Dedicou 50 anos a expandir o Convento e a Ordem das Clarissas. Ela gostava de cuidar dos pobres e remendava pessoalmente as roupas dos leprosos e cuidava deles, e milagrosamente, nunca contraiu a terrível doença. Ela tinha o dom da profecia e curava vários doentes apenas com seu toque e oração e às vezes tinha visões. Apesar de nunca terem se encontrado, Santa Clara de Assis e ela trocaram extensas cartas durante duas décadas e várias dessas cartas ainda existem até hoje, e provam uma sabedoria fora do comum no entendimento da fé e de Jesus.

Faleceu em 2 de março de 1282 no Convento São Salvador, em Praga, de causas naturais. Beatificada em 1874 pelo Papa Pio IX e canonizada em 12 de novembro de 1989, pelo Papa João Paulo II. Seu túmulo logo se tornou um local de peregrinação e vários milagres foram atribuídos a sua intercessão.

Santa Inês de Praga 


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

O DIA QUE SÃO FRANCISCO DE ASSIS DECIDIU LEVAR UMA VIDA DE POBREZA.




Em um dia como hoje, 24 de fevereiro, são Francisco de Assis tomou a decisão de levar uma vida de pobreza, o que com o tempo causaria a fundação das ordens franciscanas.
Era o ano de 1208 e, como recorda a Cúria Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, são Francisco, durante uma missa naquela que hoje é a basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis, Itália, “escutou as palavras do Evangelho sobre o envio dos apóstolos e as tomou como uma mensagem enviada pessoalmente a ele”.

Tratava-se do capítulo 10 do Evangelho de Mateus, no qual o Senhor envia seus apóstolos e os instrui a não carregar “nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão".

Segundo o site franciscano, são Francisco começou assim "uma vida de extrema pobreza, dedicada aos anúncios itinerantes do Evangelho, especialmente o apelo à penitência".

"Ele vivia do que os habitantes de Assis lhe ofereciam, aos quais começou a pedir indo de porta em porta”.

Giovanni Bernardone, nome de nascimento de são Francisco, já havia começado sua conversão alguns anos antes.

“Ele não tinha a intenção de fundar nenhuma nova estrutura na Igreja e não estava procurando seguidores ou companheiros. Porém, depois de alguns meses, começaram a chegar a ele”, diz o site franciscano.

São Francisco morreu em 3 de outubro de 1226. Dois anos depois, o papa Gregório IX o proclamou santo.

No encontro que teve com os representantes dos meios de comunicação, em 16 de março de 2013, o papa Francisco falou do motivo pelo qual decidiu tomar o nome de Francisco.

“E assim surgiu o nome no meu coração: Francisco de Assis. Para mim, é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e preserva a criação”, disse depois que o cardeal brasileiro Claudio Hummes lhe disse “não se esqueça dos pobres”, durante sua eleição.

O papa acrescentou que são Francisco de Assis "é o homem que nos dá este espírito de paz, o homem pobre... Ah, como eu queria uma Igreja pobre e para os pobres!".

Em 2021 o papa Francisco propôs o santo como modelo de pobreza.

São Francisco de Assis, “movido pelo espírito de pobreza, adverte no sofrimento do leproso que a verdadeira riqueza e a alegria não são as coisas, o ter, o paradigma mundano, mas o amor a Cristo e o serviço solidário aos outros. Em um sentido plenamente sério e entusiasta - afirma Chesterton - são Francisco podia dizer: bem-aventurado aquele que nada tem nem nada espera, porque possuirá tudo e desfrutará de tudo”, disse o papa.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

São João Bosco



João Melquior Bosco nasceu no dia 16 de agosto de 1815, numa família católica de humildes camponeses em Castelnuovo d’Asti, no norte da Itália, perto de Turim. Órfão de pai aos dois de idade, cresceu cercado do carinho da mãe, Margarida, e amparo dos irmãos. Recebeu uma sólida formação humana e religiosa, mas a instrução básica ficou prejudicada, pois a família precisava de sua ajuda na lida do campo.
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Aos nove anos, teve um sonho que marcou a sua vida. Nossa Senhora o conduzia junto a um grupo de rapazes desordeiros que o destratava. João queria reagir, mas a Senhora lhe disse: “Não com pancadas e sim com amor. Torna-te forte, humilde e robusto. À seu tempo tudo compreenderás”.
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Nesta ocasião decidiu dedicar sua vida a Cristo e a Mãe Maria; quis se tornar padre. Com sacrifício, ajudado pelos vizinhos e orientado pela família, entrou no seminário de Chieri, daquela diocese.
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Inteligente e dedicado, João trabalhou como aprendiz de alfaiate, ferreiro, garçom, tipógrafo e assim, pôde se ordenar sacerdote, em 1841. Em meio à revolução industrial, aconselhado pelo seu diretor espiritual, padre Cafasso, desistiu de ser missionário na Índia. Ficou em Turim, dando início ao seu apostolado da educação de crianças e jovens carentes. Este “produto da era da industrialização”, tornou-se a matéria prima de sua Obra e vida.
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Neste mesmo ano, criou o Oratório de Dom Bosco, onde os jovens recebiam instrução, formação religiosa, alimentação, tendo apoio e acompanhamento até a colocação em um emprego digno. Depois, sentiu necessidade de recolher os meninos em internatos-escola, em seguida implantou em toda a Obra as escolas profissionais, com as oficinas de alfaiate, encadernação, marcenaria, tipografia e mecânica, repostas às necessidades da época. Para mestres das oficinas, inventou um novo tipo de religioso: o coadjutor salesiano.
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Em 1859, ele reuniu esse primeiro grupo de jovens educadores no Oratório, fundando a Congregação dos Salesianos. Nos anos seguintes, Dom Bosco criou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora e os Cooperadores Salesianos. Construiu, em Turim, a basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, e fundou sessenta casas salesianas em seis países. Abriu as missões na América Latina. Publicou as Leituras Católicas para o povo mais simples.
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Dom Bosco agia rápido, acompanhou a ação do seu tempo e viveu o modo de educar, que passou à humanidade como referência de ensino chamando-o de “Sistema Preventivo de Formação”. Não esqueceu seu sonho de menino, mas, sobretudo compreendeu a missão que lhe investiu Nossa Senhora. Quando lhe recordavam tudo o que fizera, respondia com um sorriso sereno: “Eu não fiz nada. Foi Nossa Senhora quem tudo fez”.
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Morreu no dia 31 de janeiro de 1888. Foi beatificado em 1929 e canonizado por Pio XI em 1934. 
São João Bosco, foi proclamado “modelo por excelência” para sacerdotes e educadores. 
Ecumênico, era amigo de todos os povos, estimado em todas as religiões, amado por pobres e ricos; escreveu: “Reprovemos os erros, mas respeitemos as pessoas” e se fez , ele próprio, o exemplo perfeito desta máxima.



terça-feira, 28 de janeiro de 2025

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

PROGRAMA "A SERVIÇO DA VIDA" EP. 67 - OS PRIMEIROS ATENDIMENTOS DO BARCO HOSPITAL SÃO JOÃO XXIII

 



Episódio 67: "Os Primeiros Atendimentos do Barco Hospital São João XXIII"

Neste emocionante episódio do programa A Serviço da Vida, Frei Tarcísio nos leva a conhecer os primeiros atendimentos realizados pelo Barco Hospital São João XXIII, uma nova missão que já começa a transformar vidas. Com imagens emocionantes e depoimentos marcantes, mostramos como essa embarcação chega às comunidades mais distantes, levando saúde e esperança aos ribeirinhos.

Assista e descubra como o amor ao próximo navega pelos rios, alcançando aqueles que mais precisam. 🚤❤️




quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Espaços franciscanos de peregrinação do Ano Jubilar 2025

Neste ano a Igreja Católica convida seu povo para viver o Jubileu 2025, uma experiência de fé e encontro especial com o Senhor Jesus e com os irmãos, capaz de fazer de nós peregrinos de esperança.


Convento da Penha

Na Bula de Proclamação do Jubileu Ordinário do Ano 2025, o Papa Francisco, fundamentado na Carta aos Romanos, diz que: «Uma vez que fomos justificados pela fé, estamos em paz com Deus por Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Por Ele tivemos acesso, na fé, a esta graça na qual nos encontramos firmemente e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus (…). 



Ora a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 1-2.5).

A peregrinação a um templo, basílica, catedral ou Igreja, é um dos propósitos importantes para esse Ano Jubilar que estamos vivenciando. Na bula da publicação é destacado que os fiéis podem obter a Indulgência Jubilar se empreenderem uma “piedosa peregrinação” ao lugar sagrado do Jubileu, além de outras ações propostas para esse tempo. Esse movimento representa a busca pelo sagrado, pela conversão e pelo amor a Deus e à humanidade.

O documento explica que: “não é por acaso que a peregrinação representa um elemento fundamental de todo o evento jubilar. Pôr-se a caminho é típico de quem anda à procura do sentido da vida. A peregrinação a pé favorece muito a redescoberta do valor do silêncio, do esforço, da essencialidade”.

A proposta da peregrinação é promover a esperança por meio do caminhar da fé, de forma que consigamos superar os desânimos diante dos desafios e das adversidades. É olhar para horizonte da vida na certeza de que Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida; o Pão da Alegria descido do céu.

Muitos lugares santos nos conduzem para o encontro com Deus. Neste Ano Jubilar, espaços sagrados de Fraternidades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil foram definidos como locais de peregrinação.

Um deles é o Convento da Penha, em Vila Velha (ES), definido pela Arquidiocese de Vitória como um dos locais de peregrinação.

Paróquia Bom Jesus dos Perdões

Paróquia Bom Jesus dos Perdões, também foi decretada pela Arquidiocese de Curitiba (PR), como espaço para peregrinação e recepção das indulgências neste ano jubilar.

O outro local aberto à peregrinação neste período é o Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP), conforme definido pela Arquidiocese de Aparecida (SP).



Até o dia 6 de janeiro de 2026, o Santuário do primeiro santo brasileiro, além de ser um local para visitação dos peregrinos do Jubileu, também e, nesse período, um dispensador de indulgências, oferecendo aos fiéis a oportunidade de vivenciar um momento de profunda renovação espiritual.

A Indulgência é uma graça jubilar e, de acordo com a Bula de Proclamação do Jubileu 2025, ” a Indulgência Jubilar, em virtude da oração, destina-se de modo particular a todos aqueles que nos precederam, para que obtenham plena misericórdia. 

Ele complementa afirmando que: “De fato, a indulgência permite-nos descobrir como é ilimitada a misericórdia de Deus. Não é por acaso que, na antiguidade, o termo «misericórdia» era cambiável com o de «indulgência», precisamente porque pretende exprimir a plenitude do perdão de Deus que não conhece limites”.

De acordo com o site Vatican News, “durante o Jubileu Ordinário deste ano, permanecem em vigor todas as outras concessões de Indulgência definidas em anos jubilares anteriores. Todos os fiéis verdadeiramente arrependidos, excluindo qualquer apego ao pecado (cf. Enchiridion Indulgentiarum, IV ed., norm. 20, § 1) e movidos por um espírito de caridade, e que, no decurso do Ano Santo, purificados pelo sacramento da penitência e revigorados pela Sagrada Comunhão, rezem segundo as intenções do Sumo Pontífice, poderão obter do tesouro da Igreja pleníssima Indulgência, remissão e perdão dos seus pecados, que se pode aplicar às almas do Purgatório sob a forma de sufrágio”:  nas  sagradas peregrinações,  nas  piedosas visitas aos lugares sagrados e nas obras de misericórdia e de penitência.

O texto ainda ressalta que “os fiéis verdadeiramente arrependidos que não puderem participar nas celebrações solenes, nas peregrinações e nas piedosas visitas por motivos graves (como, primeiramente, todas as monjas e monges de clausura, os idosos, os doentes, os reclusos, assim como quantos, nos hospitais ou noutros lugares de assistência, prestam um serviço continuado aos doentes), receberão a Indulgência jubilar nas mesmas condições se, unidos em espírito aos fiéis presentes, sobretudo nos momentos em que as palavras do Sumo Pontífice ou dos Bispos diocesanos forem transmitidas através dos meios de comunicação, recitarem nas suas casas ou nos lugares onde o impedimento os reter (por exemplo, na capela do mosteiro, do hospital, do centro de assistência, da prisão…) o Pai-Nosso, a Profissão de Fé em qualquer forma legítima e outras orações em conformidade com as finalidades do Ano Santo, oferecendo os seus sofrimentos ou as dificuldades da sua vida”.


Jubileu de Prata do Santuário Frei Galvão

Santuário Frei Galvão

Em 2025, além de celebrar o Ano Santo da Esperança e o Jubileu dos 350 anos da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, será comemorado o Jubileu dos 25 anos do Santuário Frei Galvão.

Em 30 de setembro de 2000, o então Arcebispo Metropolitano de Aparecida, Dom Aloísio Cardeal Lorscheider, dedicou a Igreja a São José e Frei Galvão como seus padroeiros. A partir dessa data, o local se tornou referência para os fiéis devotos do Santo Frei Galvão, que na época ainda era beato. Sua canonização ocorreu em 2007, na cidade de São Paulo.

O Jubileu de 2025 será uma oportunidade única para os filhos e filhas de Deus que passarem pelo Convento da Penha e pelo Santuário de Frei Galvão sejam tocados pelas graças do Ano Santo da Esperança.

Como diz a música “Sal da Terra”, de autoria do cantor e compositor Ronaldo Bastos e Alberto de Castro Neves: 

“Anda, quero te dizer nenhum segredo; falo desse chão da nossa Casa; vem que tá na hora de arrumar (…) Vamos precisar de todo mundo, pra banir do mundo a opressão, para construir a vida nova, vamos precisar de muito amor”.



Adriana Rabelo

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

SANTA INÊS

 



Virgem e mártir do século III, Inês pertencia à uma rica, nobre e cristã família romana. Isso lhe possibilitou receber uma educação dentro dos mais exatos preceitos religiosos, o que a fez tomar a decisão precoce de se tornar “esposa de Cristo”. Tinha apenas 13 anos quando foi denunciada como cristã. Para a Igreja, Santa Inês é o próprio símbolo da inocência e da castidade, que ela defendeu com a própria vida. A ideia da virgindade casta foi estabelecida na Igreja justamente para se contrapor à devassidão e aos costumes imorais dos pagãos. Inês levou às últimas consequências a escolha que fez a esses valores. É uma das Santas mais antigas do cristianismo e foi martirizada durante a décima perseguição ordenada contra os cristãos, desta vez imposta pelo terrível imperador Diocleciano, em 304.

Dotada de uma beleza incomum, recebeu inúmeros pedidos de casamento, inclusive do filho do prefeito de Roma. Aliás, essa foi a causa que desencadeou seu suplício e uma violenta perseguição contra os cristãos. Numa certa tarde de tempestade, o rapaz tentou tomá-la nos braços, mas foi atingido por um raio e caiu morto aos seus pés. Quando o prefeito soube, procurou Inês com humildade e lhe implorou que pedisse a seu Deus pela vida de seu filho. Ela erguendo as mãos e voltando os olhos para o céu orou para que Nosso Senhor trouxesse o rapaz de volta à vida terrena, mostrando toda Sua misericórdia. O rapaz voltou e percebendo a santidade de Inês se converteu cristão. Porém, o prefeito, viu aquela situação como um sinal de poder dos cristãos e resolveu aplicar a perseguição, decretada por Diocleciano, de modo implacável.

Inês, segundo ele, fora denunciada e por isso teria de ser enviada para a prisão. Mesmo assim, ela nunca tentou se livrar da pena em troca do casamento que fora proposto em nome do filho do prefeito e muito menos negou sua fé em Cristo. Preferiu sofrer as terríveis humilhações de seus carrascos, que estavam decididos a fazê-la mudar de ideia através da força. Arrastada violentamente até a presença de um ídolo pagão, para que o adorasse, Inês se manteve firme em suas orações à Cristo. Depois foi levada à uma casa de prostituição, para que fosse possuída à força, mas ninguém ousou tocar sequer num fio de seu cabelo, saindo de lá na mesma condição de castidade que chegou.

Cada vez mais a situação ficava fora do controle das autoridades romanas e o povo estava se convertendo em massa. Para aplacar os ânimos Inês foi levada ao Circo e condenada à fogueira, mas o fogo prodigiosamente se abriu e não a queimou. Assim, o prefeito decretou que fosse morta por decapitação a fio de espada, naquele exato momento. Foi dessa maneira que a jovem Inês testemunhou sua fé em Cristo.

Seu enterro foi um verdadeiro triunfo da fé; seus pais levaram o corpo de Inês, e o enterraram num prédio que possuíam na estrada que de Roma conduz a Nomento. Nesse local, por volta do ano de 354, uma Basílica foi erguida a pedido da filha do imperador Constantino, em honra à Santa. Trata-se de uma das mais antigas de Roma, na qual se encontram suas relíquias e sepultura. Na arte, Santa Inês é comumente representada com uma ovelha, e uma palma, sendo que a ovelha sugere sua castidade e inocência.

Sua pureza martirizada faz parte, até hoje, dos rituais da Igreja. Todo ano, no dia de sua veneração, em 21 de janeiro, é realizada na Basílica de Santa Inês, fora dos muros do Vaticano, uma Missa solene onde dois cordeirinhos brancos, ornados de flores e fitas são levados para o celebrante os benzer. Depois os mesmos são apresentados ao Papa, que os entrega a religiosas encarregadas de os guardar até a época da tosquia. Com sua lã são tecidos os pálios que, na vigília de São Pedro e São Paulo, são colocados sobre o altar da Basílica de São Pedro. Posteriormente esses pálios são enviados à todos os arcebispos do mundo católico ocidental e eles os recebem em sinal da obediência que devem à Santa Sé, como centro da autoridade religiosa.


FONTE: http://www.franciscanos.org.br



domingo, 19 de janeiro de 2025

Homilia do 2° Dom do tempo comum (Jo 2,1-11)(19/01/25)




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1. Caríssimos, a fé transpõe a natureza, assim como a vida divina sobrepõe a vida natural nos levando à felicidade eterna. Ora, tudo o que somos, vemos e temos são obras das mãos de Deus, porque tudo é expressão de sua bondade, beleza e perfeição; não crer nessa verdade é viver sem nenhuma esperança do encontro com Ele na vida eterna.
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2. É certo que o pecado humano tem causado muitas tragédias na face da terra, levando à perdição muitas almas que se deixam enganar pelas tentações do maligno. Todavia, o Senhor nunca nos deixou sozinhos, pelo contrário, por Seu Filho, Jesus Cristo, veio em nosso auxílio para levar à bom termo a obra que aqui começou e que tem seu fim na sua glória eterna.
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3. A liturgia de hoje é a revelação de como o Senhor nos ama e demonstra isso pelas mais diversas graças sobre nós derramadas, à exemplo do primeiro milagre de Jesus nas bodas de Caná da Galileia por intercessão de Sua Mãe, Maria Santíssima. Essa sua ação significa a renovação de todas as coisas, que só é possível mediante a Teofania Divina (ação direta de Deus).
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4. Com efeito, todas as palavras e gestos de Jesus têm um profundo significado teológico, espiritual e salvíficos; desse modo, a festa das bodas representa a aliança de amor entre Deus e o seu povo; a água transformada em vinho, representa os Sacramentos da Igreja, sinais visíveis da nossa salvação, pois ao morrer na cruz o Senhor verteu sangue e água do seu Divino Coração ferido pelos nossos pecados.
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5. Portanto, caríssimos, o Senhor Jesus não faz milagre por fazer ou por marketing, mas, porque é uma expressão do poder de Deus que nos liberta de todo o mal que existe neste mundo que causa tanta tristeza e desolação.
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6. Destarte, quais outros significados deste primeiro milagre de Jesus? Reforçar a fé dos discípulos; revelar o poder da intercessão de Nossa Senhora e gerar a verdadeira alegria em nossas almas como gerou naqueles que beberam o vinho novo da salvação.
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7. Enfim, o que mais vimos de extraordinário neste primeiro milagre do Senhor? A revelação de que Ele é Deus, pois somente Deus pode transformar água em vinho e essa transformação permanecer tal qual Ele realizou, ou seja, "o vinho melhor", símbolo do seu sangue derramando no Patíbolo da Cruz.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.


sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Profecia de Santo Antão sobre as loucuras dos nossos dias

 



Santo Antão 


Vida de São Francisco de Assis

 



SUA ORIGEM

São Francisco nasceu no ano de 1181 ou 1182, em Assis, na Itália. Ao ser batizado, ele recebeu da mãe o nome de João. Na Idade Média, o nome João ou Joana, por uma grande devoção a São João Batista, era muito popular. Havia também o costume de, às vezes, a pessoa trocar de nome e o nome de batismo ficar esquecido. Foi o que aconteceu com Francisco de Assis. Ele recebeu, no Batismo, o nome João. Porém, o seu pai, Pedro di Bernardone, por gostar muito da França, onde fazia bons negócios, comprando tecidos para vender em Assis, não estando presente na ocasião do seu Batismo, mudou o nome de João para Francisco, prevalecendo este nome. Coisa parecida aconteceu com o nome da mãe de São Francisco: nós a conhecemos pelo nome de Pica, mas é porque ela nasceu numa região da França chamada Picardia. O seu nome era Joana.

Francisco teve também um irmão, chamado Ângelo, de quem pouco se sabe.

FRANCISCO VAI À GUERRA

No ano de 1198, houve um conflito em Assis: a nobreza feudal, detentora do poder econômico e político, contra os comerciantes, classe emergente que lutava por seus direitos. O pai de Francisco fazia parte desta classe. .
O conflito foi assim: os comerciantes entraram em Assis, destruíram uma fortaleza, chamada Rocca Maggiori, símbolo do poder da nobreza feudal, e, com as pedras dela, fizeram uma muralha em torno de Assis.

Francisco certamente participou deste conflito, pois era filho de comerciante e já tinha 16 ou 17 anos. Na época, os rapazes eram considerados de maior idade aos 14 anos.

Os nobres se refugiaram em Perusa, cidade próxima de Assis. Entre as famílias nobres que para lá haviam ido, estava a de Clara, que, em 1198, tinha 4 ou 5 anos de idade. Clara ficou em Perusa até 1204.

A PERSONALIDADE DE FRANCISCO


Como vimos, Francisco participava dos eventos sociais da época. Não era alheio aos acontecimentos. De fato, participava das festas, gostava de usar roupas coloridas e alegres, era músico e poeta. Era uma espécie de "rei da juventude".

Também tinha um coração muito generoso: tratava bem os pobres e dava ricas esmolas. Tinha a coragem e a audácia do seu pai, próspero comerciante, e a fineza e cortesia da mãe, uma nobre francesa. Gostava de cantar na língua francesa, a língua do charme, na época.

Se, em 1198, os comerciantes de Assis se saíram bem no confronto com os senhores feudais e pensavam que o conflito acabara, enganavam-se. No ano de 1202, foi a vez da revanche: os comerciantes perderam a batalha, num lugar chamado Colestrada e Francisco ficou um ano preso em Perusa. Apesar disso, ele não perdeu a esportiva: sempre alegre, animava os colegas prisioneiros. Foi solto em 1203, quando o pai pagou uma fiança.

PRIMEIRO ENCONTRO COM O SENHOR

De volta a Assis, Francisco tentou retornar à vida que levara antes. Ele, que fazia parte de um grupo de jovens amigos chamado "Companhia do bastão", tentou voltar às festas, aos banquetes e a cantar pelas ruas de Assis.
Certa vez, após se banquetear com os amigos, ficou um pouco para trás, quando retornava para casa. Neste dia, o Senhor visitou o seu coração com admirável doçura. Os amigos perguntaram se ele estava pensando em se casar. Ele respondeu que sim, mas referindo-se à Dama Pobreza. A partir deste momento, começou a abandonar as coisas que antes tinha amado. Começou a dar esmolas mais abundantemente. Chamava os pobres para comer pão à sua mesa. Apesar de estar ainda "no mundo", se dedicava a dar esmolas, oferecendo até as suas roupas ricas e coloridas para os pobres. Aos poucos, Deus ia modelando o seu coração.

O ENCONTRO COM O LEPROSO

Como vimos, Francisco se dedicava a dar esmolas aos pobres. Só um pobre o assustava: o leproso. Os leprosos eram os irmãos mais pobres dentre os pobres. Tinham que viver fora dos muros da cidade. Fazia-se um ritual para eles quando eram excluídos do meio social: uma procissão, e, a partir daí, tinham que tocar uma sineta para alertar aos que se aproximavam deles. Era como "enterrar vivo". Os leprosos eram a "escória", a massa que sobrava dentro dos muros de Assis e que não podia ficar com os sãos. Um dos deveres do prefeito era mantê-los afastados dos sadios.

Francisco também tinha nojo deste tipo de pessoa. Ele lhe causava arrepio e ânsia de vômito. Porém, um dia houve uma coisa extraordinária: Francisco encontrou um leproso, andando pelas estradas fora de Assis, esporeou o cavalo para se afastar, mas, depois, caindo em si, voltou, deu-lhe esmola e um beijo. Depois disto, repetiu a obra por várias vezes.
Este acontecimento marcou tanto a vida dele que, dos muitos fatos ocorridos em sua vida, este foi o primeiro que entrou em seu Testamento, "pois o que antes era amargo se converteu em doçura da alma e do corpo".

ENCONTROS

Podemos dizer que o encontro de Francisco com o leproso foi o encontro dele com os crucificados históricos - e não imaginários - deste mundo. A partir deste encontro, ele intensificou, ainda mais, a assistência aos pobres.
Mas haveria muito mais encontros. Outro deles foi com o crucificado numa igrejinha em ruínas, cujo padroeiro era São Damião. Nela, Francisco recebeu do crucificado o mandato de restaurar a Igreja. Obediente ao mandato, Francisco pôs-se logo a trabalhar. Reconstruiu três pequenas igrejinhas abandonadas: a de São Damião, a de Santa Maria dos Anjos e a de São Pedro. Todas fora dos muros de Assis, da mesma forma que os leprosos também viviam fora dos muros. Pensando que o mandato do Senhor se referia somente à reconstrução da igreja de pedra, assim o fez.

Mas depois o Espírito Santo lhe revelou que se tratava, principalmente, da Igreja viva, formada pelas pessoas pelas quais o Senhor derramou o seu sangue. Esta revelação se deu através de um novo encontro: o do Evangelho do envio dos Apóstolos, lido em 1208, na Igreja de Santa Maria dos Anjos, na festa de São Matias, Apóstolo. Foi aí que o Senhor pedia para não levar bastão, túnica, etc. Após a explicação do sacerdote, Francisco disse com entusiasmo: "É isso que eu quero, isso que eu procuro, é isso que eu desejo fazer de todo o coração!" Com um novo mandato do Senhor - o de pregar o Evangelho -, vai lá Francisco, com todo o entusiasmo, e começa a reconstruir a Igreja formada por pessoas.

A PREGAÇÃO DO EVANGELHO E OS SEUS FRUTOS

São Francisco teve vários encontros em sua vida: com o leproso, com o crucificado em São Damião, com o Evangelho na Porciúncula. Também recebeu alguns mandatos do Senhor: o de restaurar a Igreja e o de pregar o Evangelho. Podemos dizer: restaurar a Igreja com a pregação do Evangelho.

Obediente ao mandato do Senhor de pregar o Evangelho, Francisco, entusiasmado, vai ao encontro dos homens. Pregava a penitência com grande fervor de espírito e com muita alegria. Sua pregação era em linguagem simples e com nobreza de coração. Palavra penetrante, que edificava os ouvintes. Na Regra dos Irmãos Menores, ele alerta: "nos sermões que fazem, seja a sua linguagem ponderada e piedosa, para a utilidade e edificação do povo, ao qual anunciem os vícios e as virtudes, o castigo e a glória, com brevidade, porque o Senhor, na terra, usou de palavra breve" (Regra Bulada 9,3-4).
Francisco pregava a penitência e a paz. Em suas pregações, iniciava dizendo: "O Senhor vos dê a paz!" Percorria as cidades e povoados pregando o Reino de Deus. E a pregação dele não tinha a eloqüência da sabedoria humana, mas se baseava na doutrina e na demonstração do Espírito.

Mais tarde, quando já tinha muitos companheiros, pedia para que os frades se entregassem a estudos espirituais, para transmitir ao povo palavras colhidas da boca do Senhor. O pregador deveria orar a Palavra em segredo, para depois transmiti-la. Deve esquentá-la por dentro, para não transmitir palavras frias.

Cumprindo o mandato do Senhor desta maneira, fez com que grandes multidões de homens e mulheres, ricos e pobres, entrassem novamente na regra e na conduta da Igreja. 

Desta forma, restaurou a Igreja de Jesus.




sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

O Santíssimo Nome de Jesus



O Santíssimo Nome de Jesus, que dá nome à nossa Província, é muito mais do que uma identidade: é a força que nos anima, o centro da nossa vocação e a inspiração para vivermos como irmãos menores. 
Este Nome, proclamado com reverência por São Francisco e exaltado por São Bernardino de Siena, nos convida a sermos testemunhas vivas de sua presença salvadora.

Paz e Bem!



domingo, 29 de dezembro de 2024

Visão do feminino em São Francisco de Assis




O tema do feminino em São Francisco, visto de um primeiro momento, pode ser uma resposta pessoal – psicológica. Trata da mulher conforme a experiência que todo homem faz em si, as dimensões femininas, quando se refere ao equilíbrio arquetípico de anima e animus. Assim, o feminino em São Francisco se revela em toda a sua dimensão de ternura e promoção da vida, tendo como resultado a sua vida de fraternidade com todos os seres.

Se olharmos com mais profundidade, esta fraternidade nos revela um dado novo, uma resposta diferente para a sociedade de seu tempo. Este dado porém é bíblico, apresenta a mulher como irmã, como companheira: E Deus criou o homem à sua imagem... Varão e mulher ele os criou.

O olhar maternal

Para São Francisco o lugar da Mãe é o daquela que gera a vida, que possibilita a vida acontecer, e a suporta até as últimas consequências. Assim ele também se relaciona com a Mãe de Deus. Na “Saudação à Mãe de Deus”, ele descreve Maria com substantivos que são características daquilo que ele entende ser o papel da mãe: Palácio, Tabernáculo, Morada, Manto, Serva e Mãe do Senhor. Estes substantivos transformam-se em adjetivos para aqueles que querem seguir a Cristo, isto é, transformar-se em “ser mãe”, integrar em sua vida esta dimensão maternal.

O olhar filial

Como diz o Dicionário Franciscano no verbete Mulher: “A terceira figura feminina da ‘tríade’ é a ‘filha’... A primeira figura de mulher que vem à nossa mente quando falamos de filha de São Francisco é Santa Clara”. Porém muitas vezes coletamos nos escritos dos biógrafos uma imagem de que o próprio Francisco se faz filho quando chama seus irmãos de mãe. Isto é, entra nesta dimensão de relação de deixar vir à luz.


A dimensão de irmandade e amizade

A novidade e a integridade de São Francisco estão em não representar a mulher somente como figura de “Mãe”. Cria em São Francisco um discurso, ampliando e integrando uma novidade e uma relação nova com a vida, por exemplo, a oração “Saudação às Virtudes”. Todas as virtudes recebem o substantivo “Senhora”, considerando as virtudes como características e atributos femininos.

A figura de Mãe é um símbolo e ação fundamental em São Francisco. Consideram-se mãe de todos os frades, se coloca com naturalidade diante do feminino. Tomando posição de mãe que “liberta”, ele assim escreve a Frei Leão:

Fica para nós um modelo de como hoje podemos integrar o feminino dentro de nossa vida e de nossa ação na sociedade, um trabalho em defesa da vida, em todos os sentidos, do mais necessitado ser da terra ao infinito ser do Universo. Tudo isto é responsabilidade nossa.

Fica também uma visão da mulher de forma contemplativa, isto é, não como propriedade ou objeto de piedade; mas, como um ser que tem a mesma dignidade, igualdade. Assim podemos dizer com o Criador disse faça-se o gênero humano em varão e mulher. Esta é a grande contribuição de São Francisco para um olhar contemplativo e espiritual sobre a mulher.


Publicado por Frei Pedro Cesar Silvério, OFMCap. | 08/03/2016 - 06:00



Santos Inocentes, padroeiros das crianças abandonadas


Origens

A festa de hoje, instituída pelo Papa São Pio V, ajuda-nos a viver com profundidade este tempo da Oitava do Natal. Esta festa encontra o seu fundamento nas Sagradas Escrituras.
Os Magos
Quando os Magos chegaram a Belém, guiados por uma estrela misteriosa, encontraram o Menino com Maria e, prostrando-se, adoraram-No. Abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes — ouro, incenso e mirra. E, tendo recebido aviso em sonhos para não retornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua terra.
O Anjo no sonho de José
Tendo eles partido, eis que um Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: ‘Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar’. E ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e sua mãe, e retirou-se para o Egito.
Santos Inocentes: Vítimas de um tirano rei
A Ira de Herodes
E lá esteve até a morte de Herodes, cumprindo-se, deste modo, o que tinha sido dito pelo Senhor, por meio do profeta, que disse: ‘Do Egito chamarei o meu filho’. Então, Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em extremo e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e arredores, de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos Magos. Então, cumpriu-se o que estava predito pelo profeta Jeremias: ‘Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações: Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem'” (Mt 2,11-20)
A Morte de Inocentes
Quanto ao número de assassinados, os Gregos e o jesuíta Salmerón (1612) diziam ter sido 14.000; os Sírios 64.000; o martirológio de Haguenau (Baixo Reno) 144.000. Calcula-se, hoje, que terão sido cerca de vinte ao todo. Foram muitas as Igrejas que pretenderam possuir relíquias deles.
A Celebração dos Santos Inocentes
A Festa
Na Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a festa dos Santos Inocentes ficou sendo a destes. Começava às vésperas de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte. Tendo escolhido entre si um “bispo”, estes cantorezinhos apoderaram-se das estolas dos cônegos e cantavam em vez deles. A este bispo improvisado competia presidir aos ofícios, entoar o Inviatório e o Te Deum e desempenhar outras funções que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado o báculo pastoral ao entoar-se o versículo do Magnificat: Derrubou os poderosos do trono, no fim das segundas vésperas.
Extravagante Cerimônia
Depois, o “derrubado” oferecia um banquete aos colegas, a expensas do cabido, e voltava com eles para os seus bancos. Esta extravagante cerimônia também esteve em uso em Portugal, principalmente nas comunidades religiosas.
Um convite para reflexão
A festa de hoje também é um convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de “pequenos inocentes”: crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência. Rezemos, neste dia, por elas e pelas nossas autoridades, para que se empenhem, cada vez mais, no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o Reino dos Céus. Por esses pequeninos, sobretudo, é que nós cristãos aspiramos a um mundo mais justo e solidário.
Minha oração
“Pela injustiça humana, tantas almas tornaram-se mártires dando a vida em lugar do Cristo, as almas pedimos a intercessão e a gratidão por tão grande entrega. Olhai para nós, nossas fragilidades, nossas necessidades e cuidai da nossa salvação. Amém.”
Santos Inocentes, rogai por nós!


sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

São João Evangelista




João quer dizer “graça de Deus”, ou “em quem está a graça”, ou “ao qual foi dada a graça”, ou “aquele que recebeu um dom de Deus”. É muito difícil imaginar que esse autor do quarto evangelho e do Apocalipse tenha sido considerado inculto e não douto. Mas foi dessa forma que o sinédrio classificou João, o apóstolo e evangelista, conhecido como “o discípulo que Jesus amava”. Ele foi o único apóstolo que esteve com Jesus até a sua morte na cruz.

João, filho de Zebedeu e de Salomé, irmão de Tiago Maior, de profissão pescador, originário de Betsaida, como Pedro e André, ocupa um lugar de primeiro plano no elenco dos apóstolos. O autor do quarto Evangelho e do Apocalipse, será classificado pelo Sinédrio como indouto e inculto. No entanto, o leitor, mesmo que leia superficialmente os seus escritos, percebe não só o arrojo do pensamento, mas também a capacidade de revestir com criativas imagens literárias os sublimes pensamentos de Deus. A voz do juiz divino é como o mugido de muitas águas.

João é sempre o homem da elevação espiritual, mais inclinado à contemplação que à ação. É a águia que desde o primeiro bater das asas se eleva às vertiginosas alturas do mistério trinitário: “No princípio de tudo, aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e ele mesmo era Deus.”

Ele está entre os mais íntimos de Jesus e nas horas mais solenes de sua vida João está perto. Está a seu lado na hora da ceia, durante o processo, e único entre os apóstolos, assiste à sua morte junto com Maria. Mas contrariamente a tudo o que possam fazer pensar as representações da arte, João não era um homem fantasioso e delicado. Bastaria o apelido humorista que o Mestre impôs a ele e a seu irmão Tiago: “Filhos do trovão” para nos indicar um temperamento vivaz e impulsivo, alheio a compromissos e hesitações, até aparecendo intolerante e cáustico.

No seu Evangelho designa a si mesmo simplesmente como “o discípulo a quem Jesus amava.” Também se não nos é dado indagar sobre o segredo desta inefável amizade, podemos adivinhar uma certa analogia entre a alma do Filho do homem e a do filho do trovão, pois Jesus veio à terra não só trazer a paz mas também o fogo. Após a ressurreição, João está quase constantemente ao lado de Pedro. Paulo, na epístola aos Gálatas, fala de Pedro, Tiago e João como colunas na Igreja.

No Apocalipse, João diz que foi perseguido e degredado para a ilha de Patmos “por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo”. Conforme uma tradição unânime ele viveu em Éfeso em companhia de Maria e sob o imperador Domiciano foi colocado dentro de uma caldeira com óleo a ferver, mas saiu ileso e, todavia, com a glória de ter dado testemunho. Depois do exílio de Patmos voltou definitivamente para Éfeso, onde exortava continuamente os fiéis ao amor fraterno, resultando em três cartas, acolhidas entre os textos sagrados, assim como o Apocalipse e o Evangelho. Morreu em Éfeso durante o império de Trajano (98-117), onde foi sepultado.


quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Oração diante do Presépio



Menino das palhas, Menino Jesus,
Menino de Maria, aqui estou diante de ti.
Tu vieste de mansinho, na calada da noite,
no silêncio das coisas que não fazem ruído.
Tu é o Menino amável e santíssimo,
deitado nas palhas porque não havia lugar
para ti nas casas dos homens
tão ocupados e tão cheios de si.
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Dá a meus lábios a doçura do mel
e à minha voz o brilho do cantar da cotovia,
para dizer que vieste encher de sentido
os dias de minha vida.
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Não estou mais só: tu és o nosso companheiro
de minha vida. Tu choras as minhas lágrimas
e tu te alegras com minhas alegrias
porque tu és meu irmão.
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Tu vieste te instalar feito um posseiro
dentro de mim e não quero que teu lugar
seja ocupado pelo egoísmo que me mata
e me aniquila, pelo orgulho que sobe à cabeça,
pelo desespero.
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Sei, Menino de Maria, que a partir de agora,
não há mais razão para desesperar
porque Deus grande, belo,
Deus magnífico e altíssimo
se tornou meu irmão.
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Santa Maria, Mãe do Senhor e Palácio de Deus,
tu estás perto do Menino que envolves
em paninhos quentes.
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José, bom José, carpinteiro de mãos duras,
e guarda de meu Menino das Palhas,
protege esse Deus que se tornou
mendigo de nosso amor.
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Menino Jesus,
Hoje é festa de claridade e dia de luz.
Tu nasceste para os homens na terra de Belém

TvFranciscanos