"Senhor, fazei-me instrumento de Vossa Paz"
São Francisco de Assis

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terça-feira, 29 de julho de 2025

VINDE, ESPÍRITO SANTO- São Francisco de Assis.

São Francisco de Assis nos ensina que a verdadeira transformação do mundo começa com um coração cheio do Espírito Santo.

Que essa oração seja também o nosso clamor diário: amar mais, perdoar mais e renovar a face da terra com a força do Céu.




sexta-feira, 4 de outubro de 2024

HINO DE LOUVOR A SÃO FRANCISCO DE ASSIS

ALEGRIA FRANCISCANA

“Estejam sempre alegres, rezem sem cessar. Deem graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus a respeito de vocês em Jesus Cristo” (1 Tess 5,16-18).


    

Esta exortação do apóstolo Paulo aos irmãos de Tessalônica, chega até nós como um conselho do modo de proceder de todo o cristão. São Paulo nos convida a permanecer na alegria e esta não pode ser comparada ou confundida com a alegria efêmera e fútil a qual observamos em nossa sociedade. A alegria provocada pelo consumo exagerado de bebidas e drogas, embalada pela aquisição de bens materiais, que podemos denominar de uma “pseudo-alegria”, ou seja, uma falsa alegria, um momento passageiro de prazer onde muitas vezes custa e fere a alegria de muitas pessoas.

Para Francisco de Assis a mensagem de Paulo era tão profunda que ele acolheu e compreendeu intensamente e a transmitiu aos seus irmãos: “E guardem-se os irmãos de não se mostrarem em seu exterior como tristes e sombrios hipócritas. Mas antes comportem-se como gente que se alegra no Senhor, satisfeitos e amáveis como convém” (RnB 7,15). Por diversas vezes ele os orientou a não perderem a alegria que nos é presenteada pelo próprio Cristo.

Dava aos seus co-irmãos a garantia de que o remédio mais seguro contra as mil armadilhas ou astúcias do inimigo era a alegria espiritual. Costumava dizer: “O diabo exulta, acima de tudo, quando pode surrupiar ao servo de Deus a alegria do espírito.

Carrega um pó para jogar nos menores meandros da consciência, para sujar a candura da mente e a pureza da vida. Mas, quando os corações estão cheios de alegria espiritual, a serpente derrama a toa o seu veneno mortal” (2 Cel 125,2-4). São Francisco se esforçou muito para viver sempre no “júbilo do coração, conservando a unção do espírito e o óleo da alegria” (2 Cel 125,7). Em nossa sociedade é muito comum o pensamento de que somente nos momentos de prazer, euforia, nos momentos positivos e de bem estar e que a alegria se faz presente. Francisco de Assis fez a profunda experiência da gratuidade do amor de Deus, de sua benevolência e foi capaz de perceber a face escondida de nosso Deus em todas as suas criaturas e isto o fazia rejubilar de alegria.

Francisco contemplava em todas as criaturas a bondade, a sabedoria e o poder de Deus (2 Cel 165). Ele enxergava nas criaturas os vestígios de Deus, sua marca, sua beleza, sua luz e sua força. Foi de sua íntima união com Deus na oração/contemplação, na escuta da Palavra e na vivência fraterna que ele mergulhou no sentido íntimo da alegria cristã de pertencermos ao Senhor: “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, o povo que ele escolheu por sua herança” (Sl 33,12).

A alegria cristã e franciscana não se limita aos momentos de prazer, ela deve ser constante e intensa. “Alegrai-vos no Senhor” (Fl 3,1). A exortação de São Paulo “Abençoem os que vos perseguem; abençoem e não amaldiçoem. Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram. Vivam em harmonia uns com os outros” (Rm 12,14-16), comporta um compromisso com o próximo e, portanto se faz também presente nos momentos de dor e de tribulação. Daí percebemos a grande diferença entre a alegria anunciada pela sociedade, pelo mundo (pseudo-alegria) da verdadeira alegria, daqueles qu colocam a sua esperança e confiança em Deus. É somente nele apoiados que temos forças para enfrentar as dificuldades e serenidade para perceber a presença amorosa e paterna de Deus a nos conduzir e fortalecer mesmo enfrentando as dificuldades da vida.

Ser anunciador de alegria num mundo governado por sistemas que pregam e lucram com o prazer a qualquer preço, marcado por competições, individualismos e por tantas diferenças sociais, somos mais que desafiados a encontrar o rosto pobre, humilde e crucificado de Cristo presente em cada irmão (ã), principalmente nos mais esquecidos de nossa sociedade.

A cruz nos é apresentada como contrária á alegria e não como um caminho, um meio como foi parra o próprio Jesus Cristo. Quando se fala de cruz, muitas pessoas a reduzem a um mero objeto. Mas quando falamos da cruz, incluímos necessariamente o Crucificado. Por isso, o seguimento de Jesus e o compromisso cristão se identificam com o “tomar a cruz” (Mt 10,38). Esta afirmação de Jesus não é resignada, nem passiva, mas consciente e dinâmica. Tomar a cruz significa caminhar para transformá-la.

Não basta, porém, somente carregar a cruz. A novidade cristã é carregá-la com Cristo. “Carregar a cruz”, contudo, não representa uma aceitação estóica, mas atitude daquele que leva o compromisso até as últimas conseqüências. “Tendo amado os seus, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Essa cruz carregada por amor transforma o sofrimento. É a opção positiva de homens e mulheres de fé, que acreditam e podem realizar, quer dizer: o que chamamos cruz é a conseqüência de uma opção de vida, pela vida do outro, muitas vezes explorado, marginalizado, perseguido e morto.

Todo o cristão é convidado a fazer a descoberta da “verdadeira alegria”, que não pode ser confundida como uma mera satisfação pessoal, de gosto particular. Mas, a verdadeira alegria, por mais estanho que pareça, tem a forma de cruz e a cruz que nasce do amor que se sacrifica para o bem e a felicidade dos outros. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13).

São Francisco fez uma forte experiência de encontrar alegria até mesmo no sofrimento causado por outras pessoas, ele aprendeu do apóstolo Paulo: “Quanto a mim, que eu me glorie (alegre), a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (Cf. Gal 6,14). Compreendemos melhor isso quando lendo a perfeita alegria, descrita em Fioretti 8, num diálogo amigo e fraterno Francisco explica ao seu confrade Frei Leão o que é a perfeita alegria. Percebemos a grande espiritualidade brotada da experiência de Cristo que Francisco fez. Essa lição, esse legado ele deixou para todos nós.

“Certa vez, indo Francisco com Frei Leão de Perúgia a Santa Maria dos Anjos, em dia frio e chuvoso de inverno, Francisco perguntou ao seu companheiro e irmão em que consistia para ele, sentir a perfeita alegria. Seria então dar exemplo de santidade e de boa edificação, curar os cegos, endireitar o encurvado, expulsar os demônios, restituir aos surdos o ouvido, aos coxos o andar e aos mudos a fala, ressuscitar os mortos, saber falar todas as línguas e ter o conhecimento de todas as ciências, e de todas as Escrituras? Nisto, com certeza, não consistia a verdadeira alegria. Porém, continuou Francisco: "Mas se ao chegarmos à Santa Maria cheios de frio e de fome e muitos cansados e se batêssemos à porta e fôssemos mandados embora, insultados e nós não nos perturbássemos com a injúria recebida e nos mantivéssemos alegres, pacientes e cheios de amor, nisso sim consiste a verdadeira alegria. E se continuássemos batendo e o porteiro nos maltratasse e nos batesse, se suportarmos tantos males, tantas injúrias e açoites, pensando que devemos carregar as penas do Cristo bendito, aí está a perfeita alegria”.

A perfeita alegria não é masoquismo, mas consiste na serenidade em todos os momentos da vida, inclusive nos sofrimentos e saber tirar dos momentos de dor uma lição de vida para o crescimento pessoal e para a vida de fé. Mas, para se chegar a perfeita alegria é preciso lutar contra o egoísmo, o orgulho. Quem vive somente para realizar seus projetos e sonhos pessoais sem se importar com os dos outros, com a vida do próximo, do irmão, não poderá experimentar a verdadeira alegria, que é servir e amar. “Deus ama quem dá com alegria” (2 Cor 9,7). E mais ainda: “Quem quiser ser o primeiro seja o último e seja aquele que serve a todos” (Mc 9,35). A perfeita alegria é um dom de Deus, proveniente da nossa união com Ele. É esta a única forma de chegarmos á perfeição da caridade e a perfeita alegria.

O Papa João Paulo II afirmava: “O homem de hoje necessita da fé, da esperança e da caridade de Francisco, necessita da alegria que brota da pobreza de espírito, isto é de uma liberdade interior” (11/02/03). Então caríssimos irmãos e irmãs, “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fl 3,1). Que a alegria que é uma virtude e marca distintiva da vida cristã e franciscana seja constante em nossas vidas. Acolhamos o conselho sábio de São Paulo “Fiquem sempre alegres no Senhor! Repito: fiquem alegres! Que a bondade de vocês seja notada por todos” (Fl 4,4-5).


sábado, 7 de setembro de 2024

Hino a São Francisco

 



Hino a São Francisco de Assis Cantado por Frei Marcelo Gonçalves, O.F.M. e Frei Carlos Antônio, O.F.M. 
Música e Letra originais em italiano: Vincenzo Laganà 
Tradução e Adaptação para o Português: Frei Marcelo Gonçalves, O.F.M. e Frei Carlos Antônio, O.F.M.
 
Na Ordem dos Frades Menores São Francisco é honrado como Pai, pois através do seu cuidado e intercessão de Pai podemos chegar a um caminho de perfeitíssima imitação de Nosso Senhor Jesus Cristo. São Francisco é considerado Alter Christus, expressão latina que significa outro cristo, pois tamanha foi a sua conformação a cristo que recebeu seus estigmas em sua própria carne, unindo-se fortemente às dores de sua paixão e seu zelo pela salvação das almas. Ele também é chamado de Pai Seráfico, pois abrasou-se de tal forma do amor de Deus que se tornou um serafim, que arde de amor contemplando a face de Deus.


quarta-feira, 5 de junho de 2024

SÃO FRANCISCO DE ASSIS (MUNDISENSOR), E O MEIO AMBIENTE



Uma das grandes qualidades São Francisco de Assis foi compreender a mãe natureza, a nossa dependência dela, em razão disto ele tinha uma relação fraterna com tudo que via a sua volta encarando todos como seus irmãos, procurando irmanar todos e tudo no mesmo amor e louvor a Deus. Uma fraternidade cósmica e verdadeira, pois todos fazemos parte do universo, somos todos seres da Criação.
Dessa forma São Francisco já naquela época compreendia como era importante a preservação do MEIO AMBIENTE, pois dependemos dos grãos de terra, das pedras, dos rochedos, das montanhas, do mar, do vento, da água, do sol, da lua, dos vegetais, das flores, dos outros animais, dos insetos, das nuvens de chuvas, das estrelas para poesia e reflexão: porque o bom Deus criou tudo isso para que se tornasse possível à vida.
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São Francisco tinha admiração até pelos vermes e todos os insetos, a tal ponto que os afastavam dos caminhos para não serem esmagados, tudo ao seu redor tinha motivo para que ele glorificasse a Deus, e a bendizer toda a criação.
Acredito que São Francisco escolheu ser pobre, não porque queria viver a pobreza pura e simples, mas porque acreditava que a riqueza do homem está no infinito inesgotável tesouro da criação que ele conseguia ver, o que muitos de nós não enxergamos.
São Francisco era um homem total, verdadeiro: como Deus criou, não era um sonhador ou louco como muitos pensavam dele na época. Ele apenas via o que realmente somos: criaturas feitas à imagem e semelhança de Deus e parte integrante de todos os elos da Criação Universal.
Por isso São Francisco aproximou-se de Jesus Cristo, e viveu como Ele, em tudo se aproximou verdadeiramente de Cristo, não como vivemos hoje cada vez mais distantes do modo de vida de Cristo. Portanto cada vez mais perto dos fatores que comprometem a nossa sobrevivência física desrespeitando a nossa mãe Natureza, ou espiritual afastando da Fé tornando-se insensíveis a vida, uma civilização impessoal e materialista, menos livre e menos humana a todos os seres vivos.
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Esse grande amor de São Francisco por tudo que tinha na natureza e seus elementos, não podia ser esquecido pelos ecologistas e todos que se preocupam com o meio ambiente. Assim em 1966 Lynn White da "Associação americana para o progresso da ciência" propôs que São Francisco fosse o patrono dos ecologistas, e logo após em 1979, João Paulo II declarava São Francisco de Assis patrono dos ecologistas.
O que é "mundisensor"? É aquele que sente o mundo e os seres que estão nele, são pessoas que tem uma visão ampla do mundo, não simplesmente olhando, mas sentindo e ouvindo a natureza, pratica a meditação olhando as colinas, os vales, as matas, os bichos, ouvem os ruídos da brisa, o canto distante de um pássaro, o movimento vivo dos espaços. Porque a natureza fala, mas o cotidiano do mundo moderno nos impede de ter afeto e de sentir a natureza ouvindo a sua voz, apenas aproximamos dela através do conhecimento técnico ou para usá-la destrutivamente e não com a sabedoria do verdadeiro homem como foi São Francisco de Assis. Pois devemos ver a beleza do mundo e não simplesmente a sua utilidade.
Por uma questão de sobrevivência é indispensável preservar o meio ambiente, mas o franciscano vê ainda por outro angulo, uma razão mais profunda: o respeito a Deus. Pois não somos senhor absoluto da natureza, e sim criaturas parte dela.

OBS. Publicado nesse blog em 08/10/2011- republicado hoje 05/06/24

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Doce é Sentir



Música tema do filme "Irmão Sol, Irmã Lua" interpretada com muita beleza e simplicidade por Elizabete Lacerda.


MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL PARA Á FESTA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS.

 


"Ao ser humano é dado sonhar e é bom que ele não tenha medo dessa capacidade, afinal, sonhar faz bem. 
Contudo, mais do que sonhar, será necessário acreditar no sonho." 
diz Frei Paulo Roberto Pereira, Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil.




quinta-feira, 25 de maio de 2023

San Francesco d'Assisi-VÍDEO

Nesse vídeo são mostrados momentos importantes da vida de São Fracisco de Assis:

O encontro com Cristo do crucifixo de São Damião
O abraço e o beijo no leproso...
Quando ele retira suas vestes entrega ao seu pai e sai desse mundo e se entrega totalmente a Deus.



quarta-feira, 26 de abril de 2023

Irmão Sol, Irmã Lua- Momento emocionante sobre a história de São Francisco de Assis quando é reconhecido pelo Papa Inocêncio III como grande Missionário de Cristo

São Francisco de Assis, o verdadeiro missionário do Cristo, ele veio para resgatar o Cristianismo primitivo, que é a vivência do evangelho do Divino Mestre, que é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como nós mesmos.
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São Francisco diante do Papa Inocêncio III invoca nossa relação com a natureza, a força poderosa da humildade contida nas criaturas dos campos e mostra que nós também poderemos encontrar a felicidade encontrando esse caminho. 

"São Francisco: As pessoas simples nos compreendem, mas outras..."

"Papa: Você na sua pobreza nos deixa envergonhados..."
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"Papa: Francisco, Francisco vai em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo prega a verdade para todos os homens, que seus discípulos aumente aos milhares, que floresçam como as palmeiras, que Nosso Senhor esteja com você, em Suas mãos e eu aos seus pés. 
Nesse momento o Papa surpreende a todos beijando os pés de São Francisco.  

No dia que vi esse filme chorei muito, um choro delicioso, porque vinha da emoção de sentir a Presença de Deus. São Francisco me levou a isso, hoje sou extremamente devoto e admirador desse santo. PAZ E BEM!
Vejam mais no vídeo:  

 

Saudosas Dublagens

FILMAÇO DIRIGIDO PELO GRANDE DIRETOR FRANCO ZEFFIRELLI SOBRE HISTÓRIA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS...

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

A vida do franciscano não é fácil!

 



A vida do crente... não é fácil! E a vida do franciscano também! Pois antes de tudo o franciscano é alguém que crê em Deus. 
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Mas, é bom reconhecer que nem sempre aquilo que é bom, é fácil de ser feito. Exige de nós, muitas vezes, coragem e ousadia! 
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Por isso, acompanhe como é difícil ser franciscano em nossos tempos, porém, necessário!




terça-feira, 13 de dezembro de 2022

POBREZA E GANÂNCIA




São Francisco de Assis nos esclarece que a ganância por benefícios ou poder e a avareza destroem o amor, do mesmo modo que a perturbação o faz. 
Vale dizer que a pobreza não é garantia, sozinha, de vencer tais tentações, pois ela pode ser vivida como um fardo que carregamos de má vontade.

Então, São Francisco recorda que a alegria deve acompanhar a pobreza, como ele bem proclamou no episódio da “Verdadeira Alegria”, quando se reconhece que os nossos projetos e sonhos podem carregar muito de nossa vaidade e orgulho pessoal, enquanto se, por outro lado, nos entregarmos à vontade do Pai seremos verdadeiramente pobres e felizes, sem dependermos das coisas e benefícios para nos sentirmos seguros e felizes.

Este movimento, entretanto, não é possível por pura decisão humana e, por isso, precisamos pedir a graça de Deus que nos ajude a cultivar tais virtudes.
Paz e bem!

sábado, 5 de novembro de 2022

-"Francisco, restaura a minha casa, que desmorona"

E esse pedido de Deus pode ser levado a todos nós: "Restauremos a nossa Igreja."



Foi na encantadora igrejinha de São Damião, a um quilometro abaixo de Assis, toda humilde entre as oliveiras, que se deu o notável acontecimento. Francisco rezava com fervor ante o grande crucifixo bizantino: "Senhor, suplico-Vos me ilumines e dissipeis as trevas da minha alma".
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Do crucifixo veio a resposta, suave e benevolente: "Francisco, restaura a minha casa, que desmorona". 
Iluminado por essa ordem precisa, correu à loja do pai, que se encontrava ausente, carregou o cavalo com várias peças de tecido e galopou em direção ao mercado de Foligno. Ali vendeu o tecido e a montaria. 

De volta a São Damião, encontrou o velho sacerdote que administrava o santuário e ofereceu-lhe o dinheiro para pagar as despesas de restauração; que desconfiado recusou. Francisco, então, atirou com desdém o dinheiro no canto de uma janela e suplicou ao velho sacerdote que lhe permitisse viver com ele. O outro aceitou.
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Entrementes, voltou o pai a Assis e, informando-se dos acontecimentos, teve um acesso de violenta cólera. Reunindo parentes e amigos, desceu a São Damião, a fim de capturar o filho indigno; este, porém, refugiado numa caverna, passou um mês em oração, jejum e lágrimas.
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Enfim, confiando no auxilio de Deus, foi ao encontro de seus perseguidores.
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Assis acolheu o seu herói de ontem com vaias e pedradas; Pedro de Bernardone (seu pai) lançou-o numa enxovia (prisão subterrânea), exortando-o a renuncia de seus projetos.
Seguiu depois em viagem de negócios e a mãe libertou o seu Francisco, que regressou a São Damião.

Voltando de novo o pai, nova cena; desta vez, quis encerrar o caso e apresentou queixa aos cônsules. Citado, Francisco compareceu e declarou-se a serviço de Deus; enviaram o queixoso ao tribunal do Bispo, perante o qual aceitou apresentar-se o filho insubmisso.
Intimado a restituir o dinheiro que tirara, Francisco respondeu com um gesto sublime: para nada conservar da herança paterna, despojou-se das próprias vestes, atirando-as aos pés do pai.
Na eloquência de sua nudez, dirigiu-se aos presentes em solene linguagem: "Escutai-me todos e compreendei. Até agora chamei Pedro Bernardone meu pai. Agora, posso dizer: Pai Nosso, que estais nos Céus" E o Bispo, em sinal de adoção, cobriu Francisco com seu manto.
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Essa nova fase separava Francisco do mundo, consagrando-o ao serviço da igreja; doravante, achava-se livre para dedicar-se à tarefa que lhe indicara o próprio Cristo.
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Ganhou novamente São Damião e, vestido com o hábito de eremita, iniciou, jubiloso, a restauração do santuário, pedindo materiais e alimento, chegando mesmo a reunir, não obstante as zombarias, companheiros que o auxiliassem no trabalho.
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Terminada a igrejinha de São Damião, e não tendo recebido outra ordem de Cristo, Francisco restaurou a de São Pedro. Depois a de Santa Maria dos Anjos, depois uma capela abandonada que ficava a uma légua da cidade e que se chamava, por causa das exíguas dimensões, "a Porciúncula".
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Fascinado com a solidão do lugar, ali estabeleceu o seu domicilio. E foi ali, na humilde casa de Deus que em 24 de fevereiro de 1209, festa de São Matias, ouviu Francisco o apelo que rematou sua conversão, esclarecendo-lhe o sentido das palavras percebidas havia dois anos em São Damião.
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O Evangelho do dia recordava as palavras pronunciadas por Jesus quando enviou os apóstolos a anunciarem a boa nova: "Ide e pregai, dizendo: Está próximo o Reino dos Céus... Não leveis à cintura ouro, nem prata, dinheiro, alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão: porque o operário é digno do seu sustento"...
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Não era a igreja de pedra que o Senhor lhe ordenava reconstruir, mas o Corpo Místico de Cristo, retalhado pelo ódio, vício e indiferença.

(Do livro de Ivan Gobry, São Francisco de Assis e o espírito franciscano).


FRANCISCO VAI, RECONSTROI A MINHA CASA! (3Comp 5)


Em 1205, Francisco de Assis escuta esta convocação vinda do Crucifixo de São Damião.
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Foi logo à prática e preparou-se para a vida e missão calejando as mãos erguendo, pedra sobre pedra, a própria capela do lugar da inspiração e outras que estavam destruídas.
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Ocupar-se neste trabalho foi o mesmo que tocar o intocável na sociedade medieval: os leprosos. 
Ele fez casa e esteve em casa com os que não tinham casa: mendigos e camponeses.
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Ensinou também que a casa do Senhor é mais que um templo; é nada mais que o mundo, que caiu em ruínas. A vida de São Francisco não é um conto de fadas distribuído em legendas, mas a entrega de alguém por uma causa.
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Uniu o modo de ser monástico ao modo de ser errante. Nos caminhos conheceu a vida do rural ao urbano, dormiu na casa de ricos e entre os trapos dos que viviam de esmolas. Reuniu o povo da igreja, da roça, os artesãos e cavaleiros.
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Antecipou o sonho de uma sociedade justa, sustentável e feliz. Olhou o Evangelho como forma de vida e abraçou a consequência de ser um crucificado com o Amado.
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Amou e cuidou da casa comum por ter um forte vínculo com todo ser criado.
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Viveu uma vida pacífica, não violenta, sem contendas.
Aprendeu com Irmã Clara um jeito terno, contemplativo, simples, sem nenhuma psicose defensiva.
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Saiu do século XIII e antecipou um futuro.
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Vem, Francisco! Vem nos ajudar! 

Vitorio Mazzuco OFM





segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Como vejo Francisco por Frei Vitório Mazzuco








 


Foto em comemoração ao dia de São Francisco de Assis - 4 de outubro.

. Vejo Francisco como um escândalo positivo e necessário que abalou seu tempo e continua impactando até hoje. Um modelo vivo do melhor que a humanidade produziu nestes últimos oito séculos, um santo natural, caseiro e vizinho de todos, com sua atraente simplicidade, com seu cristianismo de sedução, com sua conquistadora humildade e uma vida que arrasta. É o simpático admirado universalmente. Reuniu um número considerável de seguidores e seguidoras em sua época que santificaram estradas e paisagens. Amou apaixonadamente Jesus Cristo e seu Evangelho a ponto de ficar igualzinho ao Deus Encarnado, deixando que este amor marcasse seu corpo com as chagas do Amado.

Vejo Francisco como um asceta que abraçou a fraternidade de um modo pleno e cordial; um cantor da criação, menestrel dos louvores mais puros ao Criador, uma comunhão de afetividade e espiritualidade, um cultor da paz e do bem. 
Ele é a estética do simples e o onipresente em tantas representações iconográficas. 
É o santo dos pobres e dos pássaros, da cruz e do presépio, da eucaristia e da poesia. 
É o santo dos caminhos e das grutas, das montanhas e das planícies, dos nichos e catedrais. 
Um cavaleiro fiel da Senhora Dama Pobreza cheio de fidelidade e gentileza. 
Um Sol de Assis, como diz Dante, e uma Clara Lua, como diz seu lado mãe e irmã na Clara Flor de Assis, confidente e portadora de seus contemplativos segredos. 
Um Mestre espiritual do Ocidente reverenciado no Oriente, um profeta que atravessa a linha de guerra das Cruzadas e vai dialogar com o sultão numa conversa de homens de têmpera e fé.

Vejo Francisco como um mendigo despojado que possui a única riqueza essencial. Preso em Perugia libertou seus sonhos. Abraçou leprosos, curando as podres cicatrizes da exclusão. Tocou violino em galhos secos e dançou a alegria ridente e luminosa dos que possuem a liberdade de espírito. 
Reconstruiu a casa da existência calejando as mãos e cuidando dos pilares da alma. 
Brigou com o pai avarento e reconciliou-se com a prodigalidade. 
Deu um salto de qualidade para ensinar que conversão é mudar de lugar e não apenas câmbio de mentalidade. 

Vejo Francisco o jeito mais gostoso de ser irmão, a sensibilidade de uma mãe, a parceria de um compadre, a sempre presente energia de um amigo… 

Enfim, meu Pai Seráfico, Mestre Espiritual a ensinar que ser do jeito de Jesus não é estar na prisão de obscuras doutrinas, mas tornar fácil o caminho dos que vêm seguindo as marcas da Boa Nova. 
Assim vejo, sinto e vivo Francisco.

. Frei Vitório Mazzuco, OFM, é o Reitor do Convento
Santo Antônio do Rio de Janeiro e Mestre em Teologia com especialização em Teologia Espiritual Pontificium Athenaeum Antonianum.



sábado, 24 de setembro de 2022

PRUDÊNCIA COM AS PALAVRAS.




























São Francisco de Assis, como homem dotado de santa prudência, sabe como as palavras podem nos embrenhar em diálogos que trazem à tona sombrias áreas do coração: julgamentos, murmurações, detrações da imagem das pessoas... 
Mas também, podem ser causa de distração e dispersão daquilo que realmente importa. 

Seguindo a mesma direção de Maria, que “guardava no coração” os mistérios de Deus, São Francisco nos provoca a cultivar o senso de reverência diante das coisas de Deus, buscando compreender pacientemente sua vontade, degustando o doce sabor de sua presença nas orações. 

As palavras, ainda, podem ser colocadas à frente do testemunho a partir das ações e, assim, pouco valor teriam. 

Que Deus nos dê a graça de comunicar apenas aquilo que contribua e faça bem às pessoas, e sejam reflexo daquilo que todos nós buscamos viver diante de dele.

Paz e bem!



segunda-feira, 25 de abril de 2022

Testamentum Senis Factum (Testamento de Sena)





Escreve como abençoo a todos os meus frades, que estão na religião e que virão, até o fim do mundo... 
Como por causa da fraqueza e da dor e da enfermidade não posso falar, manifesto brevemente nestas três palavras aos meus frades a minha vontade, a saber: que em sinal da memória da minha bênção e do meu testamento sempre se amem uns aos outros, sempre amem e observem nossa senhora a santa pobreza, e que sempre sejam fiéis e submissos aos prelados e a todos os clérigos da santa mãe Igreja.
(São Francisco de Assis)

PAZ E BEM A TODOS!

Ensinamentos de São Francisco de Assis



quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus completa 21 anos.


























Hoje, nossa Fraternidade completa 21 anos de aprovação como Associação Pública de Fiéis, oficializando nossa congregação!

Mesmo antes, nossos frades já exerciam as missões nas obras da Associação, que foram crescendo, se expandindo para outros lugares do Brasil, levando cuidado aos enfermos, solidariedade aos mais necessitados e o evangelho, como nosso inspirador, São Francisco de Assis.

Paz e Bem!



domingo, 4 de outubro de 2020

TAU NA VOCAÇÃO FRANCISCANA



O TAU tem a forma da letra grega TAU (T) que é uma cruz. As duas maiores influências diretas em Francisco, em relação ao TAU, foram os antonianos e o Quarto Concílio Laterano.
No princípio de sua conversão, Francisco encontrou os antonianos e seu símbolo do TAU. Mas a influência mais forte que fez do TAU um símbolo tão querido para Francisco e pela qual ele se tornou sua assinatura, foi a CONCILIO DE LATRÃO
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Os historiadores geralmente admitem que Francisco estava presente nesse Concílio, no qual o Papa Inocêncio III fez o discurso de abertura, incorporando em sua homilia a passagem de Ezequiel (9,4) que diz que os eleitos, os escolhidos serão marcados com o sinal do TAU: "Percorre a cidade, o centro de Jerusalém, e marca com uma cruz na fronte os que gemem e suspiram devido a tantas abominações que na cidade se cometem e acrescenta:
" O TAU é a última letra do alfabeto hebraico e a sua forma representa a cruz, exatamente tal e qual foi a cruz antes de ser nela fixada a placa com inscrição de Pilatos.
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O TAU é o sinal que o homem porta na fronte quando - como diz o apóstolo - crucifica o corpo com os seus pecados quando diz: "Não quero gloriar-me a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo" (...)
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Sejam portanto mestres desta cruz! Sejam os campeões do TAU! . Concílio de Latrão. . São Francisco de Assis tomou o TAU e seu significado dos antonianos. Eles eram uma comunidade religiosa masculina, fundada em 1095, cuja única função era cuidar dos leprosos. Em seus hábitos era pintada uma grande cruz. Francisco tinha relações muito familiares com eles, porque trabalhavam no leprosário de Assis, no Hospital de São Brás, em Roma, onde Francisco esteve hospedado. .
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Quando Inocêncio III terminou sua homilia com "SEJAM OS CAMPEÕES DO TAU!" Francisco tomou estas palavras como dirigidas a ele e fez do TAU seu próprio símbolo, o símbolo de sua Ordem, de sua assinatura; mandou pintá-lo em toda parte e teve grande devoção a ele até o fim de sua vida. Simples e basicamente, o TAU representa a CRUZ.
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Os Concílios da Igreja foram convocados para reformar a Igreja, cabeça e membros. Assim o grande tema da Reforma: pessoal, interior, conversão constante e mudança de vida. Aqueles que deviam comprometer-se com a conversão contínua, uma vida de constante penitência, deviam ser marcados com o TAU. .
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O TAU para Francisco é um sinal da certeza de salvação; é o sinal de universalidade da salvação e é o símbolo da conversão contínua. .
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Se você permite ser marcado com o TAU ou usa o TAU, você está dizendo que se comprometeu com a conversão contínua, isto é, com o tema da Espiritualidade Franciscana. Não que você esteja convertido de uma só vez, mas dia-a-dia, mês após mês, ano após ano, você conserva seu olhar fixo no Senhor como sua única meta, e caminha em direção a ele com a mente indivisa (Carta S. Mary Margaret, out. 1989). .
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Retirado do livro "Orando com a Bíblia e São Francisco de Assis", a. Jussara Lima Dias, da Comunidade Católica Shalom. Ed. Shalom. .