Lemos hoje um trecho da segunda carta de Paulo a Timóteo. Trata-se de um escrito marcado pela delicadeza e pela ternura. Paulo chama Timóteo de seu filho querido.
“Dou graças a Deus (…) quando me lembro de ti, dia e noite, nas minhas orações. Lembrando-me das tuas lágrimas, sinto grande desejo de rever-te e assim ficar cheio de alegria”. Qual a motivo dessas lágrimas? Saudade? Lembrança de agradáveis vivências experimentas por Paulo e Timóteo? Que coisa maravilhosa quando pessoas que trabalham juntas na pastoral e na missão, para além do lado mecânico e funcional das tarefas se sentem ligadas por vínculos de amizade e de ternura!
Delicado e belo o pensamento seguinte: “Recordo-me da fé sincera que tens, aquela mesma fé que antes tiveram tua avó Loide e tua mãe, Eunice. Assim também é a tua”. Paulo faz uma constatação tão simples e tão profunda, tão comum e tão extraordinária. A maneira como Loide e Eunice viviam, a avó e a mãe de Timóteo, modelou a fé do apóstolo bispo que era Timóteo. Paulo diz que Timóteo tem a mesma fé das duas.
Sei que os tempos mudaram. Sei que muitos casamentos se fazem e de desfazem. Sei que muitos se recasam. Sei que muitos casados e muitas famílias não vivem mais da fé. Sei que não devemos ficar chorando sobre o leite derramado.
Sei que precisamos acolher a todos e mesmo administrar o batismo a crianças cujas famílias não nos inspiram confiança de que venham cuidar da fé dos filhos…
Sei de tudo isso e isso me faz sofrer. Penso sempre que o certo não é somente acolhermos as coisas como se apresentam, mas trabalhar para que surjam novas famílias, casais mais cristãos, pessoas diferentes que sejam fortemente cristãs mesmo nos tempos modernos, no tempo da pluralismo, do provisório e sobretudo no tempo do individualismo.
Não podemos confiar totalmente a formação das crianças a uma catequese paroquial. Os pais é que educam a fé dos filhos.
Quando leio esta epístola de Paulo fixo-me nesses nomes de Loide e Eunice. Vidas de fé que transmitem fé.
Chamo atenção ainda para duas observações da carta de Paulo. O Apóstolo da nações pede que Timóteo reavive o dom de Deus que recebera pela imposição das mãos de Paulo. Estaria Timóteo desanimado? Teria ele esquecido das coisas do primeiro amor?
E mais adiante há essa observação que nos leva a pensar: “Não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo evangelho, fortificado pelo poder de Deus”. Tudo indica que Timóteo andou fraquejando. Paulo pede que ele tenha força… que ele se lembre que age na “força” de Deus.
Como é belo quando pais e avós marcam a vida de fé dos filhos…
Bendito seja Deus pelos santos Timóteo e Tito, mas bendito também por Loide e Eunice.
Nenhum comentário:
Postar um comentário