A 341ª edição da Trezena e Festa do Convento Santo Antônio do Largo da Carioca, no Rio de Janeiro, nesta solenidade de Corpus Christi (8/06), começou às 9 horas, quando a peregrinação da imagem do Santo franciscano chegou à bela Igreja São Francisco da Penitência e foi recebida pelos irmãos da Ordem Franciscana Secular.
Logo em seguida, às 10h, na Igreja do Convento Santo Antônio, a Eucaristia foi presidida pelo pregador Frei Gabriel Dellandrea, e concelebrada pelos frades desta Fraternidade, marcando o nono dia da Trezena. E como não poderia deixar de ser, o tema deste dia foi “Santo Antônio e a Eucaristia”. Frei Cláudio César Broca de Siqueira fez a animação litúrgica.
“Não sei vocês, mas eu estou cada dia com mais com lapsos de memória. Às vezes vou abrir a geladeira e nem lembro o que eu queria pegar. Ou entro num cômodo da casa e esqueço o que fui fazer. Enfim, no dia a dia, por conta das atividades, aos poucos corremos o risco de esquecer uma ou outra coisa”, avaliou o pregador, exemplificando que tem muitas pessoas dotadas de memória e que lembram com facilidade o número do CPF, celular, senhas e assim por diante. Mas – continuou o frade -, outras não têm tanta capacidade de guardar as coisas. “Dizem que, com passar do tempo, a gente também vai perdendo um pouco mais a memória ou, então, vamos selecionando o que guardamos. Fato é que a palavra memória nos ajuda a entender a liturgia que celebramos hoje. Jesus, ao instituir a Eucaristia, disse: ‘Fazei isso em memória de mim!’ Sabendo das nossas limitações para guardamos tantas informações e sabendo também que assumimos muitos compromissos, Jesus institui a Eucaristia para fazermos ela em sua memória”, destacou.
Para Frei Gabriel, fazer memória é a essência de nossa fé. “E Cristo nos pede que façamos sua memória ao celebrarmos a Eucaristia e honrarmos o seu corpo e sangue transformados, que antes eram pão e vinho. Por isso, celebramos a Eucaristia”, observou, frisando sempre que fazer memória é fazer Eucaristia. “Vir à Missa, comungar o corpo do Senhor não é uma mera formalidade. Não viemos aqui apenas para comer a hóstia. Pois se assim o fosse, poderíamos simplesmente chegar aqui, abrir o sacrário e pegar. Mas celebramos um memorial, um rito, que integrado e por completo, nos alimenta e nos ajuda a recordar o modo de vida cristã que abraçamos”, explicou.
“É por isso que, para comungar a Eucaristia, primeiro nos reunimos em comunidade, num só corpo. Pedimos perdão, rendemos louvores a Deus, ouvimos a Palavra, refletimos sobre ela, fazemos nossa profissão de fé, transformamos ela em prece e depois essa palavra se torna Eucaristia, o Corpo e Sangue, para que ao comermos e bebermos, coloquemos literalmente para dentro a vida de Jesus e a assumamos em nossa vida. Por isso, participar da Eucaristia é fazer memória da nossa fé, da vida de Jesus, para recordar e manter sempre diante dos nossos olhos a vida dele”, detalhou.
Segundo o frade, Jesus diz no Evangelho que quem comer o pão, que é o seu corpo, tem a vida porque, ao nos alimentarmos deste corpo, queremos transformar a nossa vida para que possamos viver assim como ele viveu. “Só que nossa memória é falha. Se participássemos só de uma Missa, com o tempo esqueceríamos. Por isso somos convidados constantemente a renovar esta memória, a refazer esta memória, a buscar constantemente a força na Eucaristia para a nossa vida, especialmente quando não somos demonstração deste Cristo que queremos ser, especialmente quando falhamos, quando erramos. É a hora certa de buscar, na Palavra de Deus, a força para se emendar no caminho”, disse, lembrando que a memória vai ficar fraca se deixarmos nossos corações se ocuparem com tantas bobagens. “Por isso, o convite é sempre certo: fazer memória! Fazei isto em memória de mim!”, pediu.
Frei Gabriel recordou que Santo Antônio fez memória tantas vezes, mas numa ocasião especial com o milagre da Eucaristia que tem muita relação com a solenidade de hoje: “Chegando a uma cidade da França, ao pregar, o Santo foi abordado por um grupo de pessoas que não acreditava na Santa Eucaristia. Então, um homem disse: ‘Eu acreditarei que Cristo está realmente presente na Hóstia Consagrada quando o meu jumento se ajoelhar diante dela’. O Santo aceitou o desafio. Deixaram o animal três dias sem comer. No momento e lugar preestabelecidos, apresentou-se Antônio com a hóstia e o herege com o seu jumento em jejum. Mesmo com fome, o jumento deixou de lado o feno que lhe era oferecido pelo seu dono, para se ajoelhar diante do Santíssimo Sacramento. E Antônio converteu os hereges”.
“Nós estamos famintos assim como esse jumento. Temos fome de Deus. Às vezes passamos anos sem fazer memória”, disse o frade, fazendo o convite para ir à fonte do alimento que, de fato, preenche o nosso coração. “Vamos constantemente fazer memória dessa entrega de Jesus, para que assim como Ele, nós também entreguemos a Deus a nossa vida; para que assim como Ele, nós possamos viver o que celebramos e celebrar o que vivemos. Que a nossa vida se torne de fato um seguimento a Jesus na entrega total, lembrando a sua paixão, morte e ressurreição em cada Eucaristia. E que cada Eucaristia seja para nós esse desejo de também seguirmos Jesus na entrega total assim como fez Santo Antônio”, concluiu Frei Gabriel.
No final da Eucaristia é feito o momento devocional da Trezena, com orações, Ladainha, Responsório e bênção. “Orar é enviar bênção a todos. Abençoar é criar um antídoto contra a negatividade. E Santo Antônio acolhe a todos na positividade da Graça”, define Frei Vitorio Mazzuco Filho.
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