"Senhor, fazei-me instrumento de Vossa Paz"
São Francisco de Assis

domingo, 17 de setembro de 2023

17 DE SETEMBRO CELEBRAMOS OS ESTIGMAS DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

 


“A VISITA DO AMOR QUE TANTO BUSCOU”

SALVE OH FRANCISCO!
A festa dos Estigmas de São Francisco, mais que um grande milagre, recorda a sua própria trajetória de vida e vocação. Francisco é o homem da cruz, pois fez dela o seu caminho e meta. A sua busca em viver o Evangelho fez de sua existência uma identificação com o próprio Crucificado. Francisco é o “Servo crucificado do Senhor Crucificado” (1Cel 95,5).
O chamado de Francisco a uma vida de penitência acontece em dois momentos cruciais, o primeiro é o encontro com o leproso. Esse encontra neles a pessoa de Cristo Crucificado (cf LM 1,6,2). Ao afirmar em seu Testamento que “Aquilo que me parecia amargo, converteu- se em doçura da alma e do corpo” (Test 2). Francisco não vence apenas a repulsa, mas se compadece e ama, pois consegue ver nas feridas abertas e fétidas, as chagas do próprio Senhor Crucificado.
O segundo momento que caracteriza o início da vida de penitencia é o encontro com o crucifixo de São Damião. Esse encontro também é muito significativo, pois além de apontar a missão do jovem de Assis, de “reconstruir a Igreja”, acentua o amor ao mistério da Paixão, pois “desde aquela hora seu coração tornou-se tão vulnerado e comovido, lembrando a paixão do Senhor, que sempre, enquanto viveu, trouxe os estigmas do Senhor Jesus em seu coração” (LTC 14,1).
Desse modo, a comemoração da impressão das chagas de Francisco quer trazer à memória toda a amplitude existencial desse santo epocal. A cruz de São Damião e o beijo no leproso tornam-se sinais prefigurativos do Serafim Alado.
O jovem de Assis “sempre, enquanto viveu, levou em seu coração os estigmas do Senhor Jesus” (LTC 14,1). Por isso, o caminho de Francisco rumo ao leproso e à Igreja de São Damião se tornam o mesmo caminho ao Monte Alverne, onde recebeu os estigmas. Isso leva a crer que a experiência da cruz se faz parte fundante da experiência mística da vida do poverello. Contudo, no Alverne se dá a experiência mais radical do Amor de Deus, que se entrega de forma gratuita e total.
Dois anos antes de sua morte, encontrando-se numa fase de grande angústia e turbulência, Francisco vai ao monte Alverne para fazer a quaresma de São Miguel. Além da doença física, Francisco experimenta a tristeza de ver a Ordem se desvirtuar daquilo que intuiu ser a inspiração originária da verdadeira pobreza evangélica para si e seus irmãos, que livremente vieram abraçar esse estilo de vida.
Assim como o Cristo, também Francisco sobe o monte calvário. O servo faz a experiência do Senhor dos Passos, sente a angústia, o medo e a solidão. E é no profundo vazio do abandono que Francisco é visitado pelo Senhor através de um Serafim Alado. A experiência da solidão, o mergulho no nada, a ânsia de se completarem entre si, tornam-se as condições de possibilidade para o verdadeiro encontro do Amor divino e misericordioso para com a humanidade do pobre servo.
Esse encontro se dá como uma resposta de Deus àquele a quem tanto procurou manter-se no Senhor e sentir em seu corpo o amor e a dor de Cristo na Cruz. Por muitas vezes e de forma incansável o pobrezinho de Assis, recolhia-se em lugares solitários, florestas, montes e grutas. Sempre mantinha o contato íntimo com seu Senhor, “orando sem cessar, esforçava-se em manter o espírito na presença de Deus” ( LM 10,1,1) e na contemplação do madeiro sagrado, pois “sempre trazia a Paixão de Cristo em seus olhos” (cf 2 Cel 11,6). No Alverne, diante do Serafim, Francisco não mais busca, mas se deixa encontrar, não mais o contempla, mas experimenta em sua carne a Paixão do Crucificado.
Todo o esforço e diligência no seguimento de Jesus crucificado foram impressos em seu corpo. Tudo aquilo que estava interiorizado em sua vida, palavras e ações se converteram em sinais visíveis. Assim deixa de ser um seguidor de Jesus para se tornar um outro Cristo! A alegria de ser enviado pelo Crucifixo de São Damião, com a missão de restaurar a Igreja, converte-se em perfeição, que de tanto perfazer-se, completou a obra começada. E do mesmo modo, aquele primeiro beijo no leproso torna-se, no Alverne, o ósculo da acolhida no mistério do amor infinito de Deus.
Enfim, segundo as Considerações dos Estigmas, essa experiência crucial na vida de Francisco o fazia sentir alegria e dor. E, mais do que a confusão de sentimentos, os estigmas imprime em Francisco a certeza de que Aquele a quem havia seguido, amado e servido nunca o havia abandonado e agora tornava-se plena identificação: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus.” (Fl 2,5)

Equipe de Comunicação


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