O episódio está relacionado com a luta entre cristãos e hereges: nos primeiros séculos após o ano Mil, de fato, a hierarquia da Igreja era fortemente contestada por movimentos heterodoxos, incluindo os cátaros, patarines e valdenses. Especialmente, estes atacavam a verdade fundamental da fé católica: a presença real do Senhor no sacramento da Eucaristia.
O Milagre Eucarístico foi obrado por Santo Antonio depois que um certo Bonovillo, um herege, o desafiou a provar por meio de um milagre a presença real do Corpo de Cristo na comunhão. Outra biografia antiga de Santo António (A Assídua) traz as palavras ditas por Bonovillo no 'desafio': "Irmão! Digo-te diante de todos: acreditarei na Eucaristia se a minha mula, que deixarei sem comer por três dias, comer a Hóstia que tu lhe oferecerás, em vez da forragem que lhe darei”. Se o animal tivesse, portanto, deixado de lado a comida e ido adorar o Deus pregado por Santo António, o herege ter-se-ia convertido.
O encontro foi marcado na Praça Grande (Atual Praça dos Três Mártires), atraindo uma multidão enorme de curiosos. No dia combinado, portanto, Bonovillo apareceu com a mula e com a cesta de Forragem. Chegou Santo Antônio que, depois de ter celebrado a Missa, trouxe em procissão a Hóstia consagrada dentro do ostensório até a praça.
Diante da mula, o Santo teria dito: “Em virtude e em nome do Criador, que eu, por mais indigno que seja, tenho realmente nas mãos, te digo, ó animal, e te ordeno que te aproximes rapidamente com humildade e o adores com a devida veneração”.
O animal, apesar de estar esgotado pela fome, deixou de lado o feno, e aproximou-se para adorar a hóstia consagrada a tal ponto que inclinou os joelhos e a cabeça, provocando a admiração e o entusiasmo dos presentes. Antonio não se enganou ao julgar a lealdade do seu oponente, que, ao ver o milagre, jogou-se aos seus pés e abjurou publicamente os seus erros, tornando-se a partir daquele dia um dos mais fervorosos cooperadores do Santo taumaturgo.
Em memória deste episódio foi construído, na praça Três Mártires, uma igrejinha dedicada a Santo Antonio com uma capela que fica na frente, obra de Bramante (1518). A capela, no entanto, foi destruída durante a Segunda Guerra Mundial.
Hoje, então, é possível visitar, do lado do Santuário de São Francisco de Paula, o “templete” – como é chamado pelos habitantes de Rimini – em substituição da Igreja originária, que foi consagrada no dia 13 de abril de 1963.
Com um tabernáculo de prata dourado que reproduz o pequeno templo exterior, e de um frontal de altar de bronze mostrando o milagre da mula, a igrejinha tornou-se sede da Adoração Eucarística perpétua a partir do 28 de novembro de 1965, por vontade do bispo Biancheri.
Historicamente o milagre da mula apareceu um pouco tarde na iconografia de Santo António, no âmbito do movimento eucarístico do século XIII que levou, em 1264, à instituição da festa solene do Corpus Domini pelo Papa Urbano IV, a fim de defender e dar o justo valor à Eucaristia.
in Zenit
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