"Senhor, fazei-me instrumento de Vossa Paz"
São Francisco de Assis

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

SANTA ISABEL DA HUNGRIA - UMA PRINCESA QUE AMOU OS POBRES(Dia 17/11)- padroeira dos irmãos e das irmãs da Ordem Franciscana Secular




Comemora-se hoje a festa de Santa Isabel da Hungria, padroeira dos irmãos e das irmãs da Ordem Franciscana Secular. 
Isabel constituiu-se numa figura da Idade Média que sempre suscitou muito interesse, conhecida como Isabel da Hungria, mas também Isabel da Turíngia. Nasceu em 1207 na Hungria. Seu pai era André II, rico e poderoso rei da Hungria. Para reforçar os laços familiares, o soberano havia se casado com uma condessa alemã Gertrudes de Andechs-Merania, irmã de Santa Edwiges, que era esposa do duque da Silésia. Era um ambiente de nobres e dos grandes da terra, de reis e rainhas, duques e duquesas, príncipes e princesas. Isabel viveu na corte da Hungria apenas nos primeiros anos de vida com uma irmã e três irmãos.
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Sua infância foi interrompida quando cavaleiros vieram buscar a menina para levá-la para a Alemanha central. Seu pai havia determinado que ela viesse a se tornar princesa da Turingia. Isabel partiu de sua pátria com grande séquito e importante dote. Com ela foram suas amas pessoais que, no decorrer do tempo, puderam fornecer informações preciosas a respeito da vida de Isabel. As duas talvez fizessem parte, mais tarde, do núcleo do que viria a ser a Terceira Ordem Regular.

Após uma longa viagem, chegaram a Eisenach, para depois subir à fortaleza de Wartburg, o maciço castelo sobre a cidade. Lá se celebrou o compromisso entre Ludovico e Isabel. Nos anos seguintes, enquanto Ludovico aprendia o ofício de cavaleiro, Isabel e suas companheiras estudavam alemão, francês, latim, música, literatura e bordado. Apesar do fato do compromisso ter sido assumido por razões políticas, entre os dois jovens nasceu um amor sincero, motivado pela fé e pelo desejo de fazer a vontade de Deus.

Após a morte de seu pai, com a idade de 18 anos, Ludovico começou a reinar. Isabel teria se tornado objeto de críticas silenciosas no ambiente da corte. Seu comportamento sóbrio não correspondia aos costumes vigentes. O próprio casamento foi sóbrio. Isabel não gostava das obrigações sociais decorrentes do fato de ser uma princesa. Conta-se que certa vez tirou a coroa da cabeça e prostrou-se por terra. Uma religiosa teria visto esse gesto e Isabel deu a seguinte explicação: “Como posso eu, criatura miserável, continuar usando uma coroa de dignidade terrena quando vejo o meu Rei Jesus Cristo, coroado de espinhos?”. Uma observação curiosa e bonita na biografia de Isabel. Ela não consumia alimentos sem antes ter a certeza de que eles provinham de propriedades e bens legítimos do marido. Não queria se alimentar daquilo que, de alguma forma, proviesse de injustiças, do aproveitamento do trabalho não recompensado.

Isabel praticava assiduamente as obras de misericórdia, dava de beber e de comer a quem batia à sua porta, distribuía roupas, pagava as dívidas, cuidava dos doentes e sepultava os mortos. Descendo de seu castelo, dirigia-se frequentemente com suas amas às casas dos pobres, levando pão, carne, farinha e outros alimentos. Entregava pessoalmente os alimentos e cuidava com atenção do leito e das roupas dos pobres. Este fato chegou aos ouvidos do marido, ao que ele respondeu: “Enquanto ela não vender o castelo estou feliz”. Podemos aqui evocar o milagre do pão transformado em rosas: enquanto Isabel ia pela rua com seu avental cheio de pães para os pobres, encontrou-se com o marido, que lhe perguntou o que estava carregando. Abrindo o avental, no lugar dos pães, apareceram rosas. Este símbolo da caridade está presente muitas vezes nas representações em pintura e em imagens de Isabel.

Isabel amava o marido e o marido era reconhecido pelo amor da esposa e o retribuía. O jovem casal encontrou apoio espiritual nos Frades Menores, que, desde 1222, difundiram-se na Turíngia. Entre eles, Isabel escolheu Frei Rüdiger como diretor espiritual. Quando ele lhe narrou as circunstâncias da conversão do jovem e rico comerciante Francisco de Assis, Isabel se entusiasmou ainda mais em seu caminho de vida cristã. Desde aquele momento dedicou-se mais a seguir Cristo pobre e crucificado, presente nos pobres. Inclusive depois que nasceu seu primeiro filho, seguido de outros dois, Santa Isabel não descuidou jamais de suas obras de caridade. Ajudou os frades a construírem um convento em Halberstadt. Depois passou a ser dirigida espiritualmente por Conrado de Marburgo.

Seu marido, em 1227, se associou à cruzada de Frederico II, dizendo à esposa que era uma tradição dos soberanos da Turíngia. Ludovico morreu antes de embarcar, dizimado pela peste, em Otranto, com a idade de 26 anos. Isabel sofreu muito quando soube da notícia. Passou então a dedicar-se mais às coisas do reino. Seu cunhado usurpou o governo da Turingia, tornando-se sucessor de Ludovico, acusando Isabel de incompetência para gerir os assuntos do governo. A jovem viúva com seus três filhos foi expulsa do castelo de Wartburg e começou a procurar um lugar para refugiar-se. Somente duas de suas amas permaneceram junto dela, acompanharam-na e confiaram os três filhos aos cuidados de amigos de Ludovico.

Peregrinando pelos povoados, Isabel trabalhava onde era acolhida e assistia os doentes, fiava e costurava. Durante este calvário, suportado com grande fé, paciência e dedicação a Deus, alguns parentes, que haviam permanecido fiéis a ela e consideravam ilegítimo o governo de seu cunhado, reabilitaram seu nome. Isabel recebeu algumas rendas e pode retirar-se para o castelo da família em Marburgo, onde vivia também seu diretor espiritual, Conrado. Em 1228 com as mãos sobre o altar da capela dos franciscanos em Eisenach, Isabel renunciou à própria vontade e às vaidades do mundo. Construiu depois um hospital para leprosos. Viveu os três últimos anos de vida no hospital cuidando dos doentes e acompanhando o término da vida dos moribundos. Fazia trabalhos humildes e repugnantes. Ela é padroeira da Terceira Ordem Regular de São Francisco e da Ordem Franciscana Secular.




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Texto abaixo postado em 17-11-22:
Comemoramos hoje a festa de Santa Isabel da Hungria, padroeira dos irmãos e das irmãs da Ordem Franciscana Secular. A ela, o Papa Bento XVI consagrou uma de suas catequeses semanais. Do texto do Papa extraímos algumas informações e transcrevemos uma e outra de suas reflexões.

Isabel constituiu-se numa figura da Idade Média que sempre suscitou muito interesse, conhecida como Isabel da Hungria, mas também Isabel da Turíngia. Nasceu em 1207 na Hungria. Seu pai era André II, rico e poderoso rei da Hungria. Para reforçar os laços familiares, o soberano havia se casado com uma condessa alemã Gertrudes de Andechs-Merania, irmã de Santa Edwiges, que era esposa do duque da Silésia. Estamos no ambiente dos nobres e dos grandes da terra, de reis e rainhas, duques e duquesas, príncipes e princesas. Isabel viveu na corte da Hungria apenas nos primeiros anos de vida com uma irmã e três irmãos.

Sua infância foi interrompida quando cavaleiros vieram buscar a menina para levá-la para a Alemanha central. Seu pai havia determinado que ela viesse a se tornar princesa da Turingia. “Segundo os costumes daquele tempo, de fato, seu pai havia estabelecido que Isabel se convertesse em princesa da Turíngia. O landgrave ou conde daquela região era um dos soberanos mais ricos e influentes da Europa no começo do século XIII e seu castelo era centro de magnificência e cultura. Mas, por detrás das festas e da glória, escondiam-se as ambições dos príncipes feudais, geralmente em guerra entre eles e em conflito com as autoridades reais e imperiais. Neste contexto, o conde Hermann (Hermano) acolheu com boa vontade o noivado entre seu filho Ludovico e a princesa húngara”. Vivendo nesse quadro, a menina que vinha da Hungria, mais tarde iria revelar-se uma mulher voltada para a pobreza e miséria.

Isabel partiu de sua pátria com grande séquito e importante dote. Com ela foram suas amas pessoais que, no decorrer do tempo, puderam fornecer informações preciosas a respeito da vida de Isabel. As duas talvez fizessem parte, mais tarde, do núcleo do que viria a ser a Terceira Ordem Regular.

Voltamos ao texto de Bento XVI: “Após uma longa viagem, chegaram a Eisenach, para depois subir à fortaleza de Wartburg, o maciço castelo sobre a cidade. Lá se celebrou o compromisso entre Ludovico e Isabel. Nos anos seguintes, enquanto Ludovico aprendia o ofício de cavaleiro, Isabel e suas companheiras estudavam alemão, francês, latim, música, literatura e bordado. Apesar do fato do compromisso ter sido assumido por razões políticas, entre os dois jovens nasceu um amor sincero, motivado pela fé e pelo desejo de fazer a vontade de Deus”. Muitos biógrafos insistem em mostrar detalhes do ardoroso amor de Isabel por seu marido.

Após a morte de seu pai, com a idade de 18 anos, Ludovico começou a reinar. Isabel teria se tornado objeto de críticas silenciosas no ambiente da corte. Seu comportamento sóbrio não correspondia aos costumes vigentes. O próprio casamento foi sóbrio. Isabel não gostava das obrigações sociais decorrentes do fato de ser uma princesa. Conta-se que certa vez tirou a coroa da cabeça e prostrou-se por terra. Uma religiosa teria visto esse gesto e Isabel deu a seguinte explicação: “Como posso eu, criatura miserável, continuar usando uma coroa de dignidade terrena quando vejo o meu Rei Jesus Cristo, coroado de espinhos?”. Uma observação curiosa e bonita na biografia de Isabel. Ela não consumia alimentos sem antes ter a certeza de que eles provinham de propriedades e bens legítimos do marido. Não queria se alimentar daquilo que, de alguma forma, proviesse de injustiças, do aproveitamento do trabalho não recompensado.

“Isabel praticava assiduamente as obras de misericórdia, dava de beber e de comer a quem batia à sua porta, distribuía roupas, pagava as dívidas, cuidava dos doentes e sepultava os mortos. Descendo de seu castelo, dirigia-se frequentemente com suas amas às casas dos pobres, levando pão, carne, farinha e outros alimentos. Entregava pessoalmente os alimentos e cuidava com atenção do leito e das roupas dos pobres. Este fato chegou aos ouvidos do marido, ao que ele respondeu: “Enquanto ela não vender o castelo estou feliz”. Podemos aqui evocar o milagre do pão transformado em rosas: enquanto Isabel ia pela rua com seu avental cheio de pães para os pobres, encontrou-se com o marido, que lhe perguntou o que estava carregando. Abrindo o avental, no lugar dos pães, apareceram rosas. Este símbolo da caridade está presente muitas vezes nas representações em pintura e em imagens de Isabel.

Isabel amava o marido e o marido era reconhecido pelo amor da esposa e o retribuía. “O jovem casal encontrou apoio espiritual nos Frades Menores, que, desde 1222, difundiram-se na Turíngia. Entre eles, Isabel escolheu Frei Rüdiger como diretor espiritual. Quando ele lhe narrou as circunstâncias da conversão do jovem e rico comerciante Francisco de Assis, Isabel se entusiasmou ainda mais em seu caminho de vida cristã. Desde aquele momento dedicou-se mais a seguir Cristo pobre e crucificado, presente nos pobres. Inclusive depois que nasceu seu primeiro filho, seguido de outros dois, nossa santa não descuidou jamais de suas obras de caridade”. Ajudou os frades a construírem um convento em Halberstadt. Depois passou a ser dirigida espiritualmente por Conrado de Marburgo.

Seu marido, em 1227, se associou à cruzada de Frederico II, dizendo à esposa que era uma tradição dos soberanos da Turíngia. Ludovico morreu antes de embarcar, dizimado pela peste, em Otranto, com a idade de 26 anos. Isabel sofreu muito quando soube da notícia. Dizem alguns de seus biógrafos que, quando chegaram seus ossos, ela se jogou com imensa tristeza sobre caixa que continha os resto de seu amado Ludovico. Passou então a dedicar-se mais às coisas do reino. Seu cunhado usurpou o governo da Turingia, tornando-se sucessor de Ludovico, acusando Isabel de incompetência para gerir os assuntos do governo. “A jovem viúva com seus três filhos foi expulsa do castelo de Wartburg e começou a procurar um lugar para refugiar-se. Somente duas de suas amas permaneceram junto dela, acompanharam-na e confiaram os três filhos aos cuidados de amigos de Ludovico.

Peregrinando pelos povoados, Isabel trabalhava onde era acolhida e assistia os doentes, fiava e costurava. Durante este calvário, suportado com grande fé, paciência e dedicação a Deus, alguns parentes, que haviam permanecido fiéis a ela e consideravam ilegítimo o governo de seu cunhado, reabilitaram seu nome”. Isabel recebeu algumas rendas e pode retirar-se para o castelo da família em Marburgo, onde vivia também seu diretor espiritual, Conrado. Em 1228 com as mãos sobre o altar da capela dos franciscanos em Eisenach, Isabel renunciou à própria vontade e as vaidades do mundo. Construiu depois um hospital para leprosos. Viveu os três últimos anos de vida no hospital cuidando dos doentes e acompanhando o término da vida dos moribundos. Fazia trabalhos humildes e repugnantes. “Ela se converteu no que poderíamos chamar de mulher consagrada no meio do mundo (soror in saeculo) e formou com outras amigas suas, vestidas com um hábito cinza, uma comunidade religiosa. Não é por acaso que ela é padroeira da Terceira Ordem Regular de São Francisco e da Ordem Franciscana Secular”.

Em novembro de 1231 foi vítima de fortes febres. Na noite de 17 de novembro descansou no Senhor.

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